quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

RECOMEÇO
Na natureza, o processo de renovação ocorre de forma cíclica.
As estações do ano se sucedem.
Na gradual alternância entre frio e calor, a vida se renova.
Algumas espécies vegetais sobressaem-se e vicejam em determinadas épocas do ano.
Depois saem de cena e dão lugar a outras.
Há animais que hibernam no inverno e apenas vivem ativamente durante o verão.
Os hábitos de boa parte deles apresentam diferenças conforme a época do ano.
Sempre há na natureza um certo frescor que decorre desse bailado renovador.
Os homens também sentem necessidade de renovação.
No princípio de um novo ano, são comuns as promessas de modificação do próprio comportamento.
Surgem projetos de dietas, economias, estudos e dedicação a diversos objetivos.
Tem-se aí o desejo de romper com a inércia ou com velhos hábitos nocivos.
Entretanto, muitas vezes o que se fez ou não se fez, o que se calou ou o que se disse parece irremediável.
Nem sempre é fácil voltar sobre os próprios passos e refazer o passado.
Padrão de comportamento mais nobre para o futuro sempre pode ser adotado.
Mas algumas conseqüências dos atos praticados se afiguram incontornáveis.
Quem não deu atenção a pais idosos e enfermos vê-se em dificuldades para reparar a falta, após a morte deles.
A traição entre esposos costuma deixar tristes marcas na intimidade.
Mesmo que eles permaneçam juntos, a relação pode adquirir outro jeito de ser, menos espontâneo e feliz.
A calúnia que se lançou na vida do próximo dificilmente comporta total reparação.
O caluniado conviverá para sempre com as suspeitas que sobre ele foram lançadas.
Pais omissos que vêem os filhos nos caminhos do crime ou das drogas não vêem modo fácil ou eficaz de remissão.
Como recuperar a confiança do amigo a quem se faltou em momento de grande dor ou necessidade?
De fato, alguns atos apresentam conseqüências graves e inexoráveis.
A leviandade de um momento pode complicar uma vida.
Muitas vezes, ao refletir melhor sobre o que fez, o homem experimenta atroz arrependimento.
Desejaria poder voltar sobre os próprios passos e agir com dignidade.
Na velhice, quando as paixões e as ilusões diminuem, não raro surge a vontade de refazer muitas coisas.
A sabedoria Divina, atenta à fragilidade humana, providenciou um meio de amplo recomeço.
Trata-se da reencarnação, que permite o esquecimento das faltas cometidas e sofridas.
Ela tem a finalidade de viabilizar que as criaturas aprendam e se recomponham.
Ofendidos e ofensores do passado renascem no mesmo ambiente familiar ou social.
Mediante nova convivência, têm a oportunidade de reatar velhos laços e acertar antigas pendências.
Ciente disso, valorize e trate muito bem seus familiares, vizinhos e amigos.
Os que lhe parecem mais difíceis talvez tenham sido outrora prejudicados por você e guardem intuição do ocorrido.
Aproveite toda oportunidade de ser compreensivo, leal e bondoso.
As dificuldades de hoje representam a nova oportunidade que você desejou ardentemente no passado.
Não a perca!
O ESPÍRITA DEVE SER
O Livro dos Espíritos – Questão 843


O Espírita deve ser verdadeiro, mas não agressivo, manejando a verdade a ponto de convertê-la em tacape na pele dos semelhantes.
Bom, mas não displicente que chegue a favorecer a força do mal, sob o pretexto de cultivar a ternura.
Generoso, mas não perdulário que abrace a prodigalidade excessiva, sufocando as possibilidades de trabalho que despontam nos outros.
Doce, mas não tão doce que atinja a dúbia melifluidade, incapaz de assumir determinados compromissos na hora da decisão.
Justo, mas não implacável, em nome da justiça, impedindo a recuperação dos que caem e sofrem.
Claro, mas não desabrido, dando a ideia de eleger-se em fiscal de consciências alheias.
Franco, mas não insolente, ferindo os outros.
Paciente, mas não irresponsável, adotando negligência em nome da gentileza.
Tolerante, mas não indiferente, aplaudindo o erro deliberado em benefício da sombra.
Calmo, mas não tão sossegado que se afogue em preguiça.
Confiante, mas não fanático que se abstenha do raciocínio.
Persistente, mas não teimoso, viciando-se em rebelar-se.
Diligente, mas não precipitado, destruindo a si próprio.
“Conhece-te a ti mesmo” — diz a filosofia, e para conhecer a nós mesmos, é necessário escolher atitude e posição de equilíbrio, seja na emotividade ou no pensamento, na palavra ou na ação, porque, efetivamente, o equilíbrio nunca é demais.

André Luiz (Waldo Vieira)
(De “Opinião Espírita”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos espíritos Emmanuel e André Luiz)
MOMENTO DE REFLEXÃO: EU ESTOU CERTO

Por que queremos sempre ser os donos da verdade?
Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?
Será que precisamos vencer todas as discussões que travamos?
Dale Carnegie, escritor e orador americano, autor do best seller: Como fazer amigos e influenciar pessoas, narra uma experiência particular muito rica.
Conta ele:
Certa noite, estava num banquete dado em honra a um homem muito importante.
Durante esse banquete, um outro homem que estava sentado ao meu lado contou um caso que girava em torno da seguinte afirmativa: “Há uma Divindade que protege nossos objetivos, traçando-os como os desejamos.”
Ele mencionou que tal frase era da Bíblia.
Enganara-se. Eu sabia disso. Sabia, e com toda a certeza. Não podia haver a menor dúvida a respeito.
E assim, para conseguir um ar de importância e demonstrar minha superioridade, tornei-me um importuno e intrometido encarregando-me de corrigi-lo.
Acionou suas baterias. “Quê? De Shakespeare? Impossível! Absurdo! Essa frase era da Bíblia.” E ele conhecia.
O homem que narrava o caso estava sentado á minha direita, e o senhor Frank Gammond, meu velho amigo, à minha esquerda.
O Sr. Gammond havia dedicado anos ao estudo de Shakespeare. Assim, o narrador e eu concordamos em submeter a questão ao Sr. Gammond.
Este escutou, cutucou-me por baixo da mesa e disse: “Dale, você está errado. O cavalheiro tem razão, a frase é da Bíblia.”
De volta para casa, disse ao Sr. Gammond: “Frank, eu sei que a frase é de Shakespeare.”
“Sim, naturalmente”, respondeu. “Hamlet, ato V, cena 2. Mas nós éramos convidados numa ocasião festiva, meu caro Dale.
Por que provar a um homem que ele estava errado? Isso iria fazer com que ele gostasse de você? Por que não evitar que ele ficasse envergonhado?
Não pediu sua opinião. Não a queria. Por que discutir com ele? Evite sempre um ângulo agudo.”
O homem que me disse isso ensinou-me uma lição inesquecível. Eu não só tinha embaraçado aquele contador de estórias, como também o meu amigo.
Teria sido muito melhor se eu não tivesse sido argumentativo.
* * *

A necessidade de sermos aceitos num grupo, de mostrar o que sabemos, muitas vezes nos coloca em situações desagradáveis.
Somos descorteses e inconvenientes, querendo provar um ponto de vista com veemência, apenas para que todos percebam como eu estava certo.
Será que o mais importante nessas conversas é estar certo ou ser polido, fraterno com a outra pessoa?
Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?
Eis o orgulho disfarçado de sapiência, de eloquência, esquecendo que o amor nos faz querer ajudar o outro, em toda oportunidade, e nunca desmerecê-lo.
Pensemos sobre isso, e nas conversações lembremos de dar espaço ao outro, de procurar exaltar as qualidades do próximo, sendo polidos e amáveis em toda oportunidade.
A caridade tem mais nuances do que se pode imaginar...
Redação do Momento Espírita com base no cap. I, pt. III, do livro
Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie,
ed. Companhia Editora Nacional.
FENÔMENOS E BENÇÃOS
Examina a tua convicção começante.
Se ela nasceu de fenômenos que te impressionaram a mente ou de benefícios que recolheste, agradece o concurso daqueles que te moveram à luz, mas não permaneças indefinidamente na ofuscação que te imobiliza no louvor admirativo, qual se te demorasse sob o efeito de longa hipnose.
A natureza, em todas as plagas do Universo, é conjunto de fenômenos e bênçãos que nos desafiam o poder do estudo e a capacidade de gratidão.
O Sol é um espetáculo constante da Inteligência Divina, ante os olhos da Humanidade Terrestre que, muito de longe, se lembra disso.
A fonte é uma ocorrência de materialização das mais belas, sustentando o hálito das criaturas por saciar-lhes a sede, sem que isso habitualmente as comova.
Emprega-te a compreender e servir.
Entrega os enigmas do Planeta aos cuidados da ciência que os deslindará, na hora precisa, e medita no fenômeno de tua própria individualidade.
Meçamos a nossa pequenez ante a grandeza da vida.
Vejamo-nos quais somos.
Não exagerar as nossas possíveis qualidades, mas, valorizar o tempo e desenvolvê-las. Não esmorecer, à frente dos nossos defeitos, mas, subjugá-los com paciência, diminuindo-lhes a força cada vez mais, até que possamos suprimi-los, por fim.
Imprescindível não esquecer que todo fenômeno é passível de dúvida, como recurso mutável e periférico.
Somente o espírito amealha valores imperecíveis.
Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: No portal da Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier.
O PROBLEMA DA FÉ
Alguns dias antes da prisão do Mestre, os discípulos, nas suas discussões naturais, comentavam o problema da fé, tentando, apressadamente, chegar a um consenso de entendimento.
Como será essa virtude? De que modo conservá-la-emos intacta no coração? - inquiria Levi, com atormentado pensamento.
Tenho a convicção de que somente o homem culto pode conhecer toda a extensão de seus benefícios.
Não tanto assim. - aventava Tiago, seu irmão.
Acredito que basta a nossa vontade, para que a confiança em Deus esteja viva em nós.
Mas a fé será virtude para os que apenas desejam? - perguntava um dos filhos de Zebedeu.
A um canto, como distante daqueles duelos da palavra, Jesus parecia meditar. Em dado instante, solicitado ao esclarecimento, respondeu com suavidade:
A fé pertence, sobretudo, aos que trabalham e confiam. Tê-la no coração é estar sempre pronto para Deus.
Não importam a saúde ou a enfermidade do corpo, não têm significação os infortúnios ou os sucessos felizes da vida material.
A alma fiel trabalha confiante nos desígnios do Pai, que pode dar os bens, retirá-los e restituí-los em tempo oportuno.
Caminha sempre com serenidade e amor, por todas as sendas pelas quais a mão generosa do Senhor a queira conduzir.
Mas, Mestre - redarguiu Levi, em respeitosa atitude – como discernir a vontade de Deus, naquilo que nos acontece?
Tenho observado grande número de criaturas criminosas que atribuem à Providência os seus feitos delituosos e uma legião de pessoas inertes que classificam a preguiça como fatalidade Divina.
Jesus acrescentou:
A vontade de Deus, além da que conhecemos através de Sua lei e de Seus profetas, através do conselho sábio e das inclinações naturais para o bem, é também a que Se manifesta, a cada instante da vida, misturando a alegria com as amarguras.
Concede a doçura ou a retira, para que a criatura possa colher a experiência luminosa no caminho mais espinhoso.
Ter fé, portanto, é ser fiel a Essa vontade, em todas as circunstâncias, executando o bem que Ela nos determina, e seguindo-Lhe o roteiro sagrado, nas menores sinuosidades da estrada que nos compete percorrer.
* * *
Você está sempre pronto para Deus? Reflita por alguns instantes.
Você já consegue compreender os desígnios Divinos, e vê-los como motrizes do amor na Terra?
Jesus deixa claro que a fé pertence, sobretudo, aos que trabalham e confiam.
Aos que fazem a sua parte, que cumprem seu papel no Universo, e ao mesmo tempo têm a certeza de que tudo queacontece será sempre para seu bem.
Aí está a confiança no Criador, nesta Inteligência Suprema do Cosmos.
Caminhar com serenidade é fundamental para o alcance da felicidade sonhada. Não importa o que nos aconteça, os desígnios do Pai sempre serão bons.
As ações dos homens podem ser infelizes, cruéis, mas estando todas elas supervisionadas pelo Amor de Deus, sempre nos alcançarão com o intuito maior de nos fazer crescer – seja pelo amor, ou pelo sofrer.
Trabalhemos e confiemos!
Redação do Momento Espírita com base no cap. 28, do livro
Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
MOMENTO DE REFLEXÃO: É PROIBIDO CHORAR?
Quando uma dor muito grande chega aos corações dos que se afirmam cristãos e, em especial, dos espíritas, ela se extravasa pelos olhos, em gotas de pranto.
Nessa hora, é muito comum os adeptos da mesma filosofia, amigos, parentes se mostrarem admirados ante as lágrimas vertidas e formularem questões como:
Por que você está chorando? Você não é espírita? Onde está a sua fé?
E os que choram, já com a alma despedaçada, pelo evento triste pelo qual passam, ainda devem administrar essas atitudes que ferem a sensibilidade como lâmina afiada.
Então, esses companheiros sofridos, que aguardavam um ombro amigo para chorar, um aperto de mão, um abraço, passam a sofrer em silêncio.
Choram por dentro. Porque por fora lhes foi vetado, por censuras tolas e inconsequentes.
* * *
Quem disse que não se pode chorar ante um ser amado que parte para a pátria verdadeira?
Quem disse que não se pode verter lágrimas quando a carência bate à porta, nos braços do desemprego; quando o filho se envolve com drogas; quando a ingratidão chega, com seu punhal cruel?
Para os que elegemos como Modelo e Guia o Mestre Jesus e nos preocupamos em conhecer a Sua biografia, encontramos nos Evangelhos informações preciosas a respeito da dor e da lágrima.
Ao chegar a Betânia e ter a notícia da morte de Lázaro, ante as interrogações que lhe dirige Maria, a irmã de Lázaro, Jesus Se senta sobre uma pedra e chora.
Por que teria chorado? Com certeza não pelo amigo que sabia não estar morto, somente em estado letárgico. Contudo, deixou que as lágrimas corressem livres.
Talvez tenha chorado pela incompreensão das pessoas a respeito de quem Ele era, dos objetivos da vida e da certeza da vida imortal.
Quando Madalena adentra a sala do banquete, em casa de um certo Simão, e derrama as lágrimas da sua dor, do seu remorso, misturadas às da alegria por ter encontrado o amor que buscava há tanto tempo, Jesus não a repreende.
Antes, ensina ao anfitrião: Simão, entrei em tua casa e não me deste água para os pés. Ela, porém, os banhou com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos.
No trajeto doloroso ao Gólgota, ao Se deparar com as mulheres de Jerusalém, que choram a morte do justo, do ser que lhes abençoou os filhos tantas vezes, Jesus Se detém.
Não as recrimina por estarem a chorar. Antes lhes diz que não devem chorar por Ele, que Se encaminha para a glorificação na cruz, mas por elas mesmas e por seus filhos.
Vê-se, portanto, que o Modelo e Guia da Humanidade jamais falou contra as lágrimas da dor ou do arrependimento.
Assim, justo é que se chore quando a alma se veste de luto, quando se envolve no manto da dor.
O fato de ser cristão ou de ser espírita-cristão não nos transforma em criaturas insensíveis. Ao contrário, aprende-se a sentir a dor alheia inclusive.
O que não é coerente é o desespero, a lástima, a queixa.
Mas, lágrimas? Por que não, se elas traduzem o estado d´alma em lamento?
Por que não, se o próprio Cristo chorou! Ele, o ser perfeito.
Pensemos nisso e sejamos mais autênticos e sensatos, com ponderações bem ajustadas sobre a dor alheia, que nos merece, ao demais, todo respeito.
Afinal, foi Jesus que nos lecionou: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
MOMENTOS DE REFLEXÃO: SACUDI O PÓ
Conforme consta do Evangelho segundo Lucas, em dado momento Jesus enviou Seus discípulos para pregar e curar.
Dentre as exortações, orientou como deveriam se comportar, caso eles e suas ideias não fossem acolhidos em algum lugar.
Nessa hipótese, os discípulos deveriam se retirar e sacudir o pó de seus pés.
Há quem veja nessa forte expressão um anátema lançado contra os descrentes.
Contudo, isso destoa do conjunto da mensagem do Cristo.
Jesus ensinou e exemplificou a compaixão e não fugiu do contato com os equivocados do Mundo.
Afirmou mesmo que os sãos não necessitam de remédio.
Uma coerente interpretação da exortação é no sentido de que os discípulos não deveriam conservar qualquer rancor.
Ao se despedir de quem não os havia aceitado e compreendido, deveriam seguir de alma leve.
Bater o pó dos pés equivaleria a se livrar de todo traço de impureza, no sentir e no pensar.
Trata-se de uma lição preciosa, cuja aplicação permite permanecer em paz em face da incompreensão.
É comum a criatura idealista desejar partilhar seus sonhos e projetos de um mundo melhor.
Ela se toma de natural tristeza quando não é compreendida.
Esse sentimento é ainda mais forte quando são seus amores que não a entendem.
Por exemplo, um pai rigorosamente honesto que não consegue convencer os próprios filhos a lhe seguirem os exemplos.
Uma esposa tomada do ideal da caridade que encontra resistência no próprio esposo, quanto a seus atos generosos.
Um professor apaixonado pelo saber que depara com alunos preguiçosos.
Nessas experiências decepcionantes, é preciso sacudir o pó dos pés.
Compreender que a liberdade é uma lei da vida e não esperar dos outros o que ainda não podem ou não querem dar.
A construção de um mundo melhor não se faz sem sacrifícios.
Quem esposa o ideal de um padrão ético superior é um homem do amanhã.
Ele vive hoje o que a maioria viverá mais tarde.
Sua função é a de um semeador do bem.
Com seu exemplo, demonstra a possibilidade de ser honrado e generoso.
Com suas palavras, exorta os que o rodeiam a imitá-lo.
Mas não pode impor suas ideias.
Cada alma amadurece a seu tempo para as grandes verdades da vida.
Perante incompreensões, resta a tranquilidade da consciência pelo dever bem cumprido.
E também a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, as sementes do bem produzirão saborosos frutos.
Compete a cada homem colaborar para que o mundo se aprimore e os costumes se purifiquem.
Entretanto, o resultado de seus esforços repousa nas mãos de Deus.
Com o inesgotável recurso do tempo, Ele assegura que, no momento adequado, o bem se torne pujante, no íntimo de cada ser.
Pense nisso.
A PORTA ESTREITA

"Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão." - Jesus. (LUCAS, 13:24.)
Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na "porta estreita" a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais. Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida. Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento. Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as "portas largas" por onde transitam as multidões. Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço. Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal. Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si. E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos. Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte. "Ah! se fosse possível voltar!..." — pensam todos. Com que aflição acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... com que transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros! ... Mas... é tarde. Rogaram a "porta estreita" e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas "portas largas", volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.

(De “Vinha de Luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A VIDA DE PAI TÁ DIFICIL


Vida de pai está cada vez mais difícil. Uma simples conversa com o filho pequeno pode gerar perplexidade.
O diálogo de João Pedro com seu filho Wilkson, de 10 anos, pode servir como prova desse fosso entre as gerações.
- Que você vai ser quando crescer, filho?- Presidente da República, pai.
- Puxa, filho, que legal. Mas por quê?
- Pra não precisar estudar..
- Não, filho, não é bem assim. Precisa estudar muito.
- Então quero ser vice-presidente.
- Vice, filho? Por quê?
- Pra não precisar estudar. O José de Alencar também só foi até a quinta série primária. Já posso parar.
- Não é assim, filho. Ele trabalhou muito e aprendeu.
- Pai, todo mundo que se dá bem não estudou: o presidente, o vice, a Xuxa, o Ronaldo, o Zeca Pagodinho...
- É que eles têm um talento...
- Ah, entendi, estudar é para quem não tem talento?
- Não, filho, pelo amor de Deus. Artista é diferente.
- O presidente e o vice não são artistas.
- Não, quer dizer, o presidente, de certo modo, até é.
- Se eu estudar, vou ganhar mais do que o Kaká?
- Menos.
- Ah, é? Então quero ir já para a escolinha.
- Você já está numa boa escola, filho..
- Quero ir pra escolinha de futebol.
- Não, filho, você precisa estudar muito. A escola abre caminhos para as pessoas. Pode-se viver dignamente.
- Acho que vou querer ser corrupto.
- Meu Deus, filho, não diga isso nem de brincadeira.
- Na TV disseram que ninguém se dá mal por causa da corrupção e que tudo sempre termina em pizza. Adoro pizza.
Quando for corrupto, pedirei só de quatro queijos.
- Ser corrupto é muito feio, meu filho.
- Ué, pai, se é feio assim, por que Brasília está cheia deles e quase todos conseguem ser reeleitos?
- É complicado de explicar, Wilk.. Mas isso vai mudar.
- Quero ser corrupto e praticar nepotismo.
- Cale a boca, filho, de onde tira essas barbaridades?
- É só olhar televisão, pai. O Sarney pratica nepotismo e é presidente do Senado. Ninguém pode mexer com ele.
- Mas você sabe o que é nepotismo, filho?
- Sei. É empregar os parentes da gente.
- E você quer fazer isso?
- Claro. Assim ia acabar com os vagabundos da família.
- Filho, você precisa ter bons valores. Pense numa profissão, numa coisa honesta e que seja respeitada. Não quer ser médico,
dentista ou, sei lá, engenheiro?
- Não. De jeito nenhum. Tô fora, pai!
- Mas por que, filho?
- Eles nunca vão no Faustão.
- Isso não tem importância, filho.. Que tal bombeiro?
- Vou querer ser astronauta ou jornalista.
- Hummm... Jornalista? Por que mesmo, filho?
- Não precisa mais ter diploma pra ser jornalista.
- Ah, não, outra vez. Que tal ser empresário?
- Empresário? Maneiro, pai. Tô nessa. Vou vender jogador de futebol. Se ganha muito e não precisa estudar. Legal!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Em nome dos direitos humanos


Ela era uma mulher pobre e analfabeta, num país onde as mulheres não têm direitos.
Tratadas como moeda de troca ou compensação de qualquer prejuízo, elas são negociadas pelos pais.
Podem ser entregues ainda crianças para casamentos arranjados, que objetivam acalmar ânimos exaltados, em desacertos tribais.
Não podem escolher o homem com quem se desejam casar e, se afrontarem tal regra, pagam com a vida a desonra que atraem para a própria família.
Mukhtar vivia em sua aldeia e era respeitada porque, embora analfabeta, decorara o Corão e o ensinava às crianças, de forma gratuita.
Também auxiliava a renda familiar ensinando bordados a outras mulheres.
Cedo aprendera que no Punjab a mulher não tem o direito de escolhas ou de sonhos.
Um dia, ela foi levada até à tribo vizinha, considerada de casta superior, por seu pai e seu tio, a fim de pedir perdão, em nome da família.
É que seu irmão, de apenas 12 anos, fora acusado de ter falado com uma jovem daquela tribo, desonrando-a.
O que se seguiu foi que o Conselho da tribo decidiu que Mukhtar deveria, a titulo de reparação, ser entregue aos homens do clã ofendido.
Ela foi agredida sexualmente por vários deles. Se nos primeiros dias após o ocorrido, ela desejou a morte, na sequência, resolveu lutar pelos seus direitos.
A atitude corajosa daquela jovem ferida e humilhada ocasionou um início de revolução quanto à situação da mulher em seu país.
Seu caso ganhou o noticiário internacional e ela foi convidada a se fazer presente em conferências, em vários lugares do Mundo.
Com risco de sua própria vida e da de seus familiares, Mukhtar lutou por justiça.
Mas não somente para si. Para todas as mulheres que todos os dias têm seus direitos usurpados, feridos.
E, como reconheceu que houve muitos entraves no desenrolar do seu processo judicial, por ela não saber ler, nem escrever, tomou uma séria decisão.
Fundou uma escola para meninas. Com recursos do Estado e de outros países, ela conseguiu.
Se para construir a escola, ela teve o apoio internacional, para conseguir convencer os pais das meninas a deixá-las estudar, foi luta mais árdua.
Foi de porta em porta e, com o tempo, mais de duas centenas de meninas passaram a frequentar a escola.
Para assegurar a frequência, ela estabeleceu um prêmio por assiduidade.
Um prêmio que interessava às famílias: uma cabra para as meninas, uma bicicleta para os meninos.
Assegurar um futuro diferente para aquelas garotas, permitindo-lhes ter acesso ao conhecimento das leis, de seus direitos é o objetivo pelo qual trabalha.
Passou a ser conhecida, em seu país, como a grande irmã que deve ser respeitada, Mukhtar Mai.
Ela ainda sangra em sua alma ao recordar os anos de luta que teve que enfrentar, as calúnias que foram levantadas contra si.
Mas olha confiante o futuro, na certeza de que, se puder evitar que aconteça o que lhe aconteceu a outras meninas, adolescentes e mulheres adultas, terá valido a pena.
Mukhtar Mai, uma mulher de coragem lutando por direitos humanos.
Uma bandeira de estoicismo e bravura, que transformou a própria dor em luta pelos direitos das mulheres.


Redação do Momento Espírita com base no livro Desonrada, de Mukhtar Mai, ed. BestSeller
A felicidade e o trabalho


Os Espíritos ensinam que completa felicidade é apanágio da perfeição espiritual.
Enquanto o homem possuir vícios e fissuras morais, ele sofrerá.
A identificação exclusiva com as coisas materiais causa sofrimento.
Tudo o que é material é transitório.
Quem localiza sua fonte de satisfação no que dependa apenas do elemento material está fadado a perdê-la.
Ao final da existência terrena, restam somente as conquistas morais e intelectuais.
Tais conquistas correspondem ao tesouro que nenhum ladrão consegue roubar e que as traças e a ferrugem não atingem.
A perfeição espiritual não se cinge à conquista de virtudes morais.
Ela envolve também o burilar do intelecto.
A razão e o sentimento burilados e purificados constituem as duas asas que conduzem o Espírito à plenitude.
Importa, pois, dedicar-se ao cultivo de ambos.
A felicidade é o sonho de todo homem.
Pergunte-se a qualquer pessoa o que deseja e ela certamente afirmará que quer ser feliz.
A busca de plenitude, de conforto e de paz têm conduzido a raça humana ao longo das eras.
A própria fragilidade da vida material desafia o intelecto.
Na busca de preservá-la e de vencer os elementos da natureza, os homens desenvolvem suas faculdades intelectuais.
Com o tempo, esse intelecto desenvolvido volta-se para questões mais transcendentes.
Surgem reflexões sobre a razão e a finalidade da vida.
Indaga-se o porquê de tantos sofrimentos que envolvem a vida humana.
O Espiritismo responde tais questionamentos.
Ele ensina que os obstáculos e os infortúnios destinam-se a desenvolver a sensibilidade e o intelecto humanos.
A igualdade em face da dor, da doença e da morte mostra o quanto todos são parecidos e devem ser solidários.
Ricos e pobres, belos e feios, todos se submetem aos imperativos da natureza.
É difícil permanecer insensível em face de uma dor que já se experimentou.
À medida que a Humanidade evolui, as dores se tornam menos atrozes.
Por conta da evolução intelectual, medicamentos e tratamentos sofisticados são descobertos.
Tudo se encadeia no Plano Divino.
O progresso intelectual dá-se de modo quase automático, pelo natural desejo que os homens têm de se furtar a dores e embaraços.
O progresso moral secunda o intelectual, mas demanda uma sensibilidade e um esforço a mais para operar-se.
Ele pressupõe maturidade bastante para compreender a vida a partir de um patamar mais elevado.
O estágio atual da Humanidade já possibilita compreender que conquistas materiais não garantem a felicidade.
Embora a evolução científica e tecnológica, os homens persistem angustiados e carentes de paz.
Para ser feliz, é necessário vencer velhos vícios, que causam grande tormento.
Inveja, ciúme, egoísmo, ganância e sensualidade desequilibrada são exemplos de fissuras morais que infernizam quem as possui.
O homem realmente decidido a ser feliz precisa dedicar-se a combater seus vícios.
O intelecto desenvolvido auxilia-o a identificar os seus problemas morais.
Basta pensar quais de suas características lhe tiram a paz e não são elogiáveis no próximo.
Identificados os problemas, é necessário trabalhar para combatê-los.
A criatura madura sabe que não existe resultado sem trabalho, nem recompensa sem esforço.
Ninguém se transformará em anjo por um golpe de sorte.
Impõe-se a aplicação de uma firme vontade no burilamento do próprio caráter.
A plena felicidade pressupõe a perfeição espiritual, mas esta é fruto do trabalho.

Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 07.01.2010.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

REFLEXÃO


Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino
O título recomendado pela professora foi: 'Dai pão a quem tem fome'
Incrível, mas o primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade.
E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional para redigir um texto, que demonstra que os brasileiros verde amarelos precisam perceber o verdadeiro sentido de patriotismo. Leiam o que escreveu essa jovem É uma demonstração pura de amor à Pátria e uma lição a tantos brasileiros que já não sabem mais o que é este sentimento cívil.

"Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-múndi, o nosso Brasil chorar: O que houve, meu Brasil brasileiro? Perguntei-lhe!
E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e
Verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas: Estou sofrendo... Vejam o que estão fazendo comigo...
Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores...
Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes.
O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante...
Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes?
Eu era a Pátria amada, idolatrada... Havia paz no futuro e glórias no passado... Nenhum filho meu fugia à luta...
Eu era a terra adorada e dos filhos deste solo era a mãe gentil...
Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula...
Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim.
Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado
Pensei... Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes?
Pensei mais... Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?
Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo como uma criança dormindo em seu berço esplêndido...