PESTALOZZI E A EDUCAÇÃO DO CORAÇÃO
Pestalozzi definiu a educação como sendo o desenvolvimento harmônico de todas as potencialidades do ser, considerando como elementos latentes básicos no interior da criatura humana a inteligência, o sentimento e a vontade. Para ele, essa tríade, sintetizada em educar a cabeça, o coração e as mãos, ganhava uma amplitude incomensurável quando se cria a relação de Amor entre educador e educando.
Johann Heinrich Pestalozzi, sem dúvida, foi o educador do Amor.
A ele devemos o mérito indiscutível de estabelecer as linhas afetivas da educação em maior proporção que outros pedagogos, demonstrando na sua própria vivência a eficácia de conduzir o processo educacional em elos de afeto.
Assinalamos em suas palavras na “Carta de Stans” a grandeza de suas concepções, como segue:
“Minha meta principal direcionou-se, antes de mais nada, a tornar as crianças irmãs, cultivando os primeiros sentimentos da vida em comum e desenvolvendo suas primeiras faculdades nesse sentido.Com isso, minha intenção era fundir a casa no Espírito simples de uma grande comunidade familiar e, sobre a base de tal relacionamento e da predisposição Por ele gerada, suscitar em todos um sentimento de justiça e moralidade.
Atingi meu objetivo com razoável sucesso. Em breve, viam-se setenta crianças mendigas embrutecidas viverem juntas numa paz, num Amor, numa atenção recíproca e cordial que raramente se encontram entre irmãos de uma mesma família.
Minha ação, nessas circunstâncias, partia do seguinte princípio: Procura em primeiro lugar fazer tuas crianças generosas. Pela satisfação diária de suas necessidades, impregnarás sua sensibilidade, sua experiência e sua ação de Amor e de caridade, que se estabelecerão e se consolidarão em seu íntimo. Depois, acostuma-as ás práticas em que poderão exercitar e espalhar seguramente a benevolência em seu próprio circulo”.
A grande conquista da educação, segundo o mestre suíço, é a autonomia do homem pela maturidade de suas potências morais, que já se encontram em gérmen em seu mundo íntimo ao nascer.
As teorias modernas da psicologia têm demonstrado a importância essencial da emoção em todas as realizações humanas, confirmando por experiências e pesquisas sérias que o homem é dotado de múltiplas inteligências, sendo que suas habilidades emocionais são as mais aptas a fazer-lhe feliz e bem sucedido. A visão “Pestaloziana” de educar, além de precursora, é perfeitamente compatível com a meta maior do Espiritismo, ou seja, o melhoramento moral da humanidade, a educação integral do homem bio-sócio-psiquico-espiritual.
Kardec, como aluno da escola de Yverdon, fundada por Pestalozzi, foi notadamente influenciado pela didática da tríade conhecida mais tarde como “Principio do Equilíbrio de Potencialidades,”, ou seja, mãos, corações e cabeça em harmonia. Nota-se em seu comentário na questão 917 de “O Livro dos Espíritos” o quanto essa cultura do emérito pensador suíço marcou sua formação quando diz: “A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral, Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação.”
Esse desenvolvimento harmônico implica fazer crescer o intelecto, o afeto e a ação, não sendo demais afirmar que a coerência entre pensar, sentir e fazer respondem pelo equilíbrio do ser integral.
Temos desenvolvido a razão, mas, temos trabalhado o afeto? Temos disseminado conteúdos espíritas a mancheias, mas os temos contextualizado á vida?
Trabalhamos pela aquisição da fé racional, contudo, semelhante valor só será angariado na ética do “ser”, ou seja, na vivência das “Virtudes Paternas” ínsitas em nosso patrimônio sublime, prestes a descobrirmos pelas vias da evolução. (LIVRO LAÇOS DE AFETO)
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