RESPOSTAS DE CHICO XAVIER
Haverá maior frio na alma que a indiferença dos nossos semelhantes?
Chico Xavier:
- Pode haver indiferença dos nossos semelhantes para conosco, entretanto de nós para com o outro isso não deveria acontecer.
Cremos que se Jesus houvesse levado em conta nossa incapacidade para assimilar-lhe de pronto o desvelado e intenso amor, o Cristianismo não estaria brilhando, e brilhando cada vez mais na Terra.
(Pergunta feita por Fernando Worm. Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre)
Chico, como é que você vê a onda de violência que aumenta a cada dia?
Chico Xavier:
- A violência é qual se fosse a nossa agressividade exagerada trazida ao nosso consciente, quando estamos em carência de amor. Ela lava, por isso, o desamor coletivo da atualidade.
Se doarmos mais um tanto, se repartirmos um tanto mais se houver um entendimento maior, estaremos contribuindo para a diminuição desta onda crescente de agressividade.
À medida que a riqueza material aumenta o conforto e a aquisição de bens também cresce, com isso retornaremos à autodefesa exagerada, isolando-nos das criaturas humanas. A vacina é o amor de uns pelos outros, programa que Jesus nos deixou há dois mil anos.
( Pergunta feita por Ana Maria Farias, jornalista da Editora Abril, numa entrevista coletiva perante as câmeras da Rede Globo, comandada por Augusto César Vanucci, em julho de 1980.
Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre)
Diga-nos o que deve fazer, dentro de suas capacidades, um médium, a fim de poder ser completo e útil para o Plano Espiritual?
Chico Xavier:
- Devotamento ao bem do próximo, sem a preocupação de vantagens pessoais, eis o primeiro requisito para que o medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual. Em seguida, quanto mais o médium se aprimore através do estudo e do dever nobremente cumprido, mais valioso se torna para a execução de tarefas com os instrutores da Vida Maior.
(Pergunta feita pela equipe de jornalistas de a Flama Espírita, de Uberaba, em entrevista feita em junho de 1990. Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre).
No início de sua missão mediúnica, o senhor foi muitas vezes incompreendido e até caluniado. Como faria uma análise disso, já que hoje sua imagem tem outra aceitação?
Chico Xavier:
- Minha atitude perante a opinião pública foi sempre à mesma, de muito respeito ao pensamento dos outros. Porque nós não podemos esperar que os outros estejam ideando situações e problemas de acordo com nossas convicções mais íntimas. De modo que não posso dizer que sofri essa ou aquela agressão, porque isso nunca aconteceu em minha vida. Sempre encontrei muita gente boa. Vamos procurar um símbolo: dizem que os índios gostam muito de simbologia por falta de termos adequados para se expressar.
Como me sinto uma pessoa bastante inculta, eu gosto muito de recorrer a essas imagens. Vamos pensar que eu seja uma pedra que foi aproveitada no calçamento de uma avenida. Colocada a pedra no piso da avenida, naturalmente que essa pedra vai se sentir muito honrada de estar ali a serviço dos transeuntes e, naturalmente, que essa pedra não poderá se queixar dos martelos que lhe tenham quebrado as arestas.
Todos eles foram benfeitores.
( Esta entrevista faz parte de um extenso trabalho de reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Costa, do jornal "Estado de Minas", publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980.Fonte: "O Espírita Mineiro", número 182, maio/agosto de 1980 - Páginas 256/257 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Como ficará a Doutrina Espírita após a sua morte? O senhor acha que ela ficará abalada? Quem poderá substituí-lo na liderança?
Chico Xavier:
- A Doutrina Espírita estará tão bem depois da minha desencarnação quanto estava antes, porque eu não sou pessoa com qualidades especiais para servi-la. Eu sou um médium tão comum, tão falível como qualquer outro. Não me sinto uma pessoa necessária e muito menos indispensável. Outros médiuns estarão aí interpretando o pensamento e a mensagem dos nossos amigos espirituais, e eu peço a Deus apenas que não me deixe dar "mancadas" em minha tarefa.
(Esta entrevista faz parte de um extenso trabalho de reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Costa, do jornal "Estado de Minas", publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980.
Fonte: "O Espírita Mineiro", número 182, maio/agosto de 1980 - Páginas 256/257 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Poderia nos contar um fato ou uma passagem de sua vida que lhe traz melhores recordações e que mais lhe tocou o coração?
Chico Xavier:
Peço permissão para contar um caso que para mim foi um dos mais expressivos, que mais parece uma história infantil.
Eu estava em Uberaba, há uns dois anos, esperando um ônibus para ir ao cartório. Da nossa residência até lá tem uns três quilômetros. Nós, com o horário marcado, não podíamos perder o ônibus. Mas, quando o ônibus estava quase parando, uma criança, de uns cinco anos, apresentando bastante penúria, gritava por mim, de longe. Chamava por Tio Chico, mas com muita ansiedade. O ônibus parou e eu pedi, então, ao motorista: "Pode tocar o ônibus, porque aquela criança vem correndo em minha direção e estou supondo que este menino esteja em grande necessidade de alguma providência". O ônibus seguiu, eu perdi, naturalmente, o horário. A criança chegou ao meu lado, arfando, respirando com muita dificuldade. Eu perguntei: "O que aconteceu, meu filho?" Ele respondeu: "Tio Chico, eu queria pedir ao senhor para me dar um beijo". Esse eu acho que foi um dos acontecimentos mais importantes de minha vida.
(Esta entrevista faz parte de um extenso trabalho de reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Costa, do jornal "Estado de Minas", publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980. Fonte: "O Espírita Mineiro", número 182, maio/agosto de 1980 - Páginas 256/257 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Em meados de 1978 um guru indiano visitava o Brasil e o assunto no alpendre da casa de Chico Xavier girava em torno da meditação transcendental e sua aplicação na vida do homem ocidental, conforme apregoado pelo religioso recém-chegado das montanhas do Himalaia.
O médium ouviu com acatamento as notícias acerca dos prodígios obtidos pelos gurus e a seguir contou-nos a seguinte história:
Chico Xavier:
Às margens do Ganges vivia um guru que se propunha a meditar e a jejuar até que conseguisse cruzar as águas do rio sagrado, levitando o corpo. Nesse mister de esforços empreendeu dez anos de sua vida, até julgar-se apto a fazer aquela travessia a seco.
No dia escolhido, certo de que conseguiria volitar sobre a superfície líquida caminhou resolutamente e, para espanto de muitos, realmente chegou a seco no outro lado do rio.
Ao pisar a outra margem, embora com o coração cheio de júbilo, perguntou ao seu guia por que foram necessários dez anos para cruzar sobre as águas do rio sagrado.
"Muito simples"- respondeu-lhe o Espírito, "não terias esperado tanto se há dez anos tivesses construído aí uma pinguela para fazer essa travessia..."
(Depoimento dado pelo médium e escritor Carlos A. Baccelli, de Uberaba, MG, em agosto/1980, publicado no livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita. Escrito por Marlene R. S. Nobre).
Por que, na maioria dos casos, após a morte, a fisionomia dos desencarnados adquire uma expressão de suave paz?
Chico Xavier:
- A maioria das criaturas, em se desencarnando, de maneira pacífica, isto é, com a paz de consciência, quase sempre reencontra entes queridos que a antecederam na viagem da chamada morte física e deixa no próprio semblante as derradeiras impressões de paz e alegria que o corpo consegue estampar.
(Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal "O Espírita Mineiro", de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 241 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Sempre me pareceu que nós, a maioria das pessoas, desconhecemos a imensa força do pensamento na formulação da existência. O pensamento pode reformular a vida de uma pessoa?
Chico Xavier:
- Sem dúvida. Os benfeitores espirituais são unânimes em asseverar que toda renovação do espírito, em qualquer circunstância, começa na força mental. O pensamento é a força criadora nas menores manifestações. (Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal "O Espírita Mineiro", de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 241 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Como encontrar motivação e despertar em nosso íntimo novas e insuspeitadas fontes de energia na reedificação da nossa felicidade? Em outras palavras: Qual o caminho para nos sintonizarmos com os inesgotáveis mananciais de energia do Universo?
Chico Xavier:
- Dizem os amigos espirituais que a iniciação da verdadeira felicidade está em fazer os outros felizes. Ao doar alegria e paz, bom ânimo e segurança ao próximo, encontramos a fonte de energia que nos fará constantemente motivados para a sustentação da felicidade para nós mesmos.
(Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal "O Espírita Mineiro", de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abrilde1977. Página 241 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992).
Que lhe ocorre dizer às pessoas que, embora se esforcem, não conseguem se espiritualizar, porque se sentem cativas de remanescentes paixões ou fortes algemas emocionais?
Chico Xavier:
- Ainda que nos sintamos encarcerados em idéias negativas que, às vezes, nos colocam em sintonia com inteligências encarnadas ou desencarnadas, ainda presas a certos complexos de culpa, conseguiremos a própria liberação desses estados, claramente infelizes, se nos dispusermos com sinceridade a varar a concha do nosso próprio egoísmo, esquecendo, quanto ao aspecto inarmônico de nossa vida mental, para servir aos outros, especialmente àqueles que atravessam provações e problemas muito maiores que os nossos.
(Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal "O Espírita Mineiro", de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 242 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Qual o melhor antídoto contra a falta de confiança em nós mesmos?
Chico Xavier:
- Os amigos da Vida Maior nos ensinam que na prática da humildade, na prestação de serviços aos nossos irmãos da Humanidade, adquiriremos esse antídoto contra a falta de confiança em nós próprios, de vez que aprenderemos na humildade, que o bem verdadeiro, de que possamos ser intérprete, em favor de nossos semelhantes, procede de Deus e não de nós.
(Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal "O Espírita Mineiro", de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 242 do livro "Chico Xavier - mandato de amor"/União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)
Qual é a verdade desta vida?
Chico Xavier:
- Há algum tempo, um espírito amigo, aliás, um trovador de renome, ao referir-se àVerdade me disse que ela se parece a um espelho do Céu que se quebrou ao tocar na Terra, em Inúmeros fragmentos. Cada um de nós possui um pequeno pedaço desse espelho simbólico, com o qual pode observar a própria imagem, aperfeiçoando-a sempre. (Pergunta feita pelo jornalista Fernando Worm, em julho de 1977, constante do livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre).
Chico, qual o mais importante aspecto da Doutrina Espírita, o de religião, o de filosofia ou o de ciência?
Chico Xavier:
- O espírito de Emmanuel costuma nos dizer que a coisa mais importante que cada um de nós poderá fazer na vida é seguir o mandamento cristão que nos aconselha "Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Segundo Emmanuel, tudo o mais é mera interpretação da verdade. Desta forma, não temos dúvida ao crermos ser o aspecto religioso da Doutrina Espírita o seu ângulo fundamental.
Muito nobre a filosofia, mas em verdade a filosofia nada mais faz do que muita conversa. Muito nobre o esforço científico, mas em verdade a mesma ciência que inventou a vacina, construiu a bomba atômica. Então, devemos reconhecer que todos nós, os seres humanos, trazemos dentro de nós um alto grau de periculosidade e, até hoje, a única força no mundo capaz de frear estes impulsos de periculosidade humana é, sem sombra de dúvida, a religião. (Pergunta feita por Geraldo Lemos Neto em outubro de 1981, extraída do livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre).
A que atribui o fato de grande parte da população brasileira seguir duas
religiões. Nas grandes capitais, a maioria das pessoas declara-se tradicionalmente pertencente a essa ou aquela igreja, mas na hora da dor e da adversidade, muitos vão em busca do pai-de-santo ou do caboclo incorporado que lhes afirma: 'Vou dar um jeito no seu problema".
Chico Xavier:
- Ante os problemas do imediatismo na Terra ser-nos-á realmente difícil pensar em nossos irmãos da coletividade humana por pessoas capazes de aguardar uma solução mais segura às questões que as preocupam quando algum ingrediente de facilidade possa surgir de perto, quase que exigindo a adesão da criatura necessitada, para que a tranqüilidade transitória venha a favorecê-la. Isso é claramente humano. Aliás, não será de desprezar o concurso que alguém nos oferte em benefício de nossa paz, quando a aflição muitas vezes dramatizada ou exagerada nos colha de assalto. Entretanto, as leias da vida não se alteram para ninguém. Uma ferida em nós pode talvez encontrar um paliativo que a obscureça, dando-nos a impressão de cura, mas chega sempre o momento em que verificamos, às vezes tardiamente, que essa ferida, supostamente um mal, era justamente o bem que necessitávamos para evitar sofrimento maior. (De entrevista feita por Fernando Worm, em janeiro de 1977, constante do livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre).
Como os espíritos explicam o crescimento das chamadas doutrinas evangélicas e pentecostais?
Chico Xavier:
- Cada um tem liberdade para manifestar seus pensamentos e estender suas idéias. Sempre existirão aventureiros. E eles terão sempre em sua mira aqueles que trabalham. Somos um conjunto de corações que precisa estar atento às nossas tradições, não digo tradição no sentido do comodismo, mas no sentido de grandeza, progresso objetivo, pensamento positivos e realmente voltados para o bem do próximo. Isso tudo é pensamento dos espíritos amigos.
Devemos cultivar nossas orações não como uma obrigação, mas como uma homenagem singela a Deus, que nos deu um mundo tão lindo. Eu olho as plantas por esta minha janela e fico perguntando por que elas são tão verdes e tão floridas. Vejo nesta simplicidade o melhor lugar para se orar e falar com Deus.
Para que freqüentar igrejas sombrias quando o caminho da alma é aquele onde se adora a Deus e se ama o próximo. Aí está a estrada que devemos percorrer. Um dia alguém veio me dizer que em determinada cidade uma igreja havia sido destruída. Não quis saber qual era a cidade, mas disse: cada igreja que se fecha dá a chance de abertura de cinco sanatórios.
Não posso discutir sobre essas igrejas porque elas se dividiram. Mas acho que Jesus ainda é Nosso maior ponto de chegada, nosso ponto central de atenção. Não compreendo a divisão da fé. Acho que o cristianismo é uno e sua divisão é incompreensível. Aquilo que não compreendo não falo. ( Pergunta feita por Gugu Liberato, em novembro de 1955. Extraído do livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.)
Você tem medo da morte?
Chico Xavier:
- Não tenho medo, pois creio que essa convivência com entidades espirituais me deu um desligamento dos interesses imediatos da vida física.
Prefiro viver no padrão que fui criado. Assim eu quero que seja até o dia de partir. Não sou atormentado pela dor. Sou muito feliz porque os espíritos me escolheram para realizar esta tarefa de, durante algum tempo, na forma de livros e mensagens, poder estender suas opiniões e manifestações. Comecei este trabalho em 1927 e trabalhei regularmente com eles até 1994. (De uma entrevista dada a Gugu Liberato, em novembro de 1995, publicada na Revista Isto É).
Gostaria de saber como uma pessoa pode notar que é dotada de mediunidade, quais as vantagens espirituais oferecidas pela mesma, e como essa pessoa deve proceder?
Chico Xavier:
- Vamos dizer, a mediunidade é peculiar a toda criatura humana; todas as pessoas são portadoras de valores mediúnicos que podem ser cultivados ao máximo, desde que a criatura se dedique a esse gênero de trabalho espiritual. De modo que. Muitas vezes, encontramos certa dificuldade no problema mediúnico dentro da Doutrina Espírita.
De modo geral, a pessoa só se diz médium quando se sente vinculada a um processo obsessivo; quando sente arrepios, muita perturbação, muito assediado; médium doente. A mediunidade está enferma. Mas a pessoa sã, em plenitude dos seus valores tísicos, pode Perfeitamente estudar a própria mediunidade e ver qual o caminho que suas faculdades mediúnicas podem tomar. Uma criatura que desenvolva a sua própria mediunidade desenvolve-a educando-se, procurando aprimorar a sua capacidade cultural, os seus valores, vamos dizer, os seus valores de experiência humana, os seus contatos no campo da humanidade, o seu dom de servir; essa criatura encontra na mediunidade um campo vastíssimo de trabalho e de felicidade, porque a felicidade verdadeira vem do trabalho bem aplicado, daquele trabalho que se constitui um serviço pelo bem de todos. E o médium, dentro da Doutrina Espírita. é uma criatura não considerada fora de série de criaturas humanas 0 médium é um ser humano, com as fraquezas e as perfeições potenciais de toda a criatura terrestre.
Então, a Doutrina Espírita é Mãe Generosa porque acolhe a criatura humana e faz dela um médium, mesmo que tenha muitos erros e muitos acertos, mas, depois, no Curso do tempo, os acertos vão abafando os erros e a criatura pode terminar a existência com grande merecimento porque pelo trabalho na mediunidade, trabalho pelo bem comum, ela vence esse peso, que é o mais importante no mundo.
Vencer a nós mesmos do ponto de vista das tendências inferiores que estejamos carregando. Falo isso a meu respeito, porque não creio que ninguém carregue tanta imperfeição como eu... (Evangelho e Ação - Fevereiro e Março de 2000)
Ignora você a popularidade que os livros mediúnicos lhe trouxeram?
Chico Xavier:
- Sei que eles me trouxeram muita responsabilidade.
Quanto ao caso da popularidade, sei que cada amigo faz de nós um retrato para uso próprio e cada inimigo faz outro. Mas diante do Mundo Espiritual não somos aquilo que os outros imaginam e sim o que somos verdadeiramente. Desse modo, sei que sou um espírito imperfeito e muito endividado, com necessidade constante de aprender, trabalhar, dominar-me e burilar-me perante as leis de Deus.
Numa de suas raras entrevistas, Chico Xavier recebeu em sua casa, nas comemorações dos 40 anos de suas manifestações mediúnicas, o escritor Elias Barbosa, autor de "No mundo de Chico Xavier" e respondeu as perguntas do autor. Nelas, Chico expõe fatos e episódios que são pouco conhecidos e dizem de seus primeiros anos de vida na senda do espiritismo.
Disciplina
Chico Xavier:
- Quem abandona o cultivo de si mesmo permite que o matagal de suas imperfeições tome conta da alma. Sem disciplina, o espírito não avança. Se eu não me submetesse à disciplina na mediunidade, o esforço dos Espíritos teria sido em vão. O médium tem que ter horário. Não é ser escravo do relógio, mas também não é ignorar o valor do tempo.
(Do livro "Orações de Chico Xavier", do escritor Carlos A. Baccelli, editado em abril de 2003, pela Livraria Espírita Edições "Pedro e Paulo", sendo que os seus direitos autorais foram doados às obras assistenciais do Lar Espírita "Pedro e Paulo". Uberaba - MG)
Conta-se que, certa feita, perguntaram ao Chico, como ficaria o Espiritismo no Brasil quando cessassem as suas atividades mediúnicas, ao que ele
respondeu:
Chico Xavier:
- “Meu filho, médium é como grama, quanto mais se arranca, mais, ela brota.( Jornal Busca e Acharás).
É MUITO
Quando estávamos construindo o Centro Espírita, nossa inexperiência fez com que elaborássemos um estatuto muito longo, com muitos artigos, calhamaço e tanto, recheado de coisas desnecessárias. Havia, acima da Diretoria, um Conselho Deliberativo composto de nove elementos em caráter vitalício. Esse povão todo a deliberar, palpitar, discutir. Muitas opiniões, o Centro deu de emperrar.
Consultando, o Chico nos disse:
-Jesus chamou doze para reformar o mundo. Você quer só nove para Mirassol! (Jornal Busca e Acharás - Outubro de 2000)
Dinheiro
De outra vez, escutamos o Chico respondendo a alguém que o interpelara quanto ao dinheiro dos livros, ponderando que as editoras deveriam conceder-lhe parte de suas rendas:
Chico Xavier:
- Não é nada, mas, o dia que eu aceitar pelo menos um tostão do produto da venda de qualquer livro desses, deixarei de ser Chico Xavier, ou seja: menos do que nada!
(Poucas pessoas conviveram tão intimamente com Chico Xaviercomo Carlos Antônio Baccelli, de Uberaba Jornal O Ideal - Nº 56 - Janeiro de 2000 - Chico no Lápis de Baccelli.)
Um grupo de amigos conversava perto de Chico sobre o difícil problema do relacionamento humano e de como acertar nos serviços de assistência social, quando ele saiu-se com esta:
Chico Xavier:
- Ser bonzinho é fácil, difícil é ser justo. (Jornal Busca e Acharás - Junho de 2000)
Dentro da Doutrina Espírita, como se explicam as mortes, assim aos milhares, em guerras, enchentes, em toda espécie de catástrofe?
Chico Xavier:
- São essas provações, que coletivamente adquirimos do ponto de vista de débitos cármicos. As vezes empreendemos determinados movimentos destrutivos, em desfavor da comunidade ou do indivíduo, às vezes operamos em grupo, às vezes, em vastíssimos grupos e, no tempo devido, os princípios cármicos amadurecem, e nós resgatamos as nossas dívidas, reunindo-nos uns com os outros, quando estamos acumpliciados nas mesmas culpas, porque a Lei de Deus é a Lei de Deus, formada de justiça e de misericórdia.
( Livro: "Chico Xavier - Dos Hippies aos problemas do mundo )
Estávamos com um amigo em Belo Horizonte e esse amigo queria conhecer as belas mansões de Pampulha. Chico Xavier, esse amigo e eu tomamos um automóvel e começamos a contornar o famoso e lindo lago da capital mineira, contemplando as formosas casas residenciais.
O amigo perguntou ao médium: — Chico, você não tem inveja dos moradores desses lindos palácios?
Chico Xavier:
— Naturalmente que os moradores dessas mansões são todos excelentes amigos, gente muito boa de nossa terra, mas não tenho inveja deles, porque se todos nós temos que desencarnar um dia e largar tudo o que temos neste mundo, por que havemos de sentir inveja uns outros?
Penso que cada um de nós está no lugar onde está o trabalho que Deus nos manda fazer.
(Depoimento de Nena e Francisco Galves à Marlene Nobre em pequena História de Uma Grande vida”, 1977) Informativo do GEAL - Boletim mensal - Dezembro 1995 Ano v - No 6)
Qual a melhor atitude da mulher que trabalha fora e, por questão de formação ou oportunidade, se sobressai mais que o marido?
Chico Xavier:
- A mulher precisa de muito tato, humildade e necessita ser fiel cooperadora no progresso do esposo, abstendo-se de falar em casa ou em público com relação à sua superioridade ante o companheiro, às vezes ansioso por encontrar uma promoção digna no trabalho a que se vincula por dever de família.(Jornal Busca e Acharás - Agosto de 2000)
Certa senhora, presidente de uma grande instituição de caridade, desencarnara e o amigo que ficou em seu lugar pediu-me perguntar ao Chico se ele estava preparado para assumir aquela tarefa. Eis a resposta:
Chico Xavier:
- Nenhum de nós está preparado para realizar a Obra do Cristo. Mas isso não é motivo para fugirmos do trabalho e permanecermos na inércia, e sim trabalhar, oferecendo ao Senhor o que temos de melhor. Isto porque ainda não somos anjos e sim criaturas humanas, que precisam trabalhar na Obra de Jesus, à qual devemos oferecer o que tenhamos de melhor.
Um grande amigo tinha recebido uma considerável indenização e não sabia como aplicar o dinheiro. Estávamos em Uberaba e eu lhe disse:
-Por que você não pergunta ao Chico?
Ele assim o fez. Vejamos a resposta:
Chico Xavier:
- O Espírito Emmanuel ensina que há um provérbio espanhol que diz:
“Não carregues o teu tesouro numa só nau”.
Meu amigo diversificou o investimento e, pelo que sei, está bem até hoje.
(Jornal Busca e Acharás - Outubro de 2000)
Chico, o homem pode voltar na condição de mulher na reencarnação imediata e vice-versa?
Chico Xavier:
- É perfeitamente possível. Kardec deixou o assunto para interpretação a nosso bel-prazer. O homem, por vezes, precisará voltar na posição de mulher para desenvolver sentimentos que ele persiste, de modo particular, em recusar; e a mulher na posição de homem, para consolidar os méritos da renúncia, da humildade e do sacrifício aos quais tenha sido indiferente ou deixado de exercitar na condição mais propícia de mulher. (Jornal Busca e Acharás - Agosto de 2000)
"Certa feita uma senhora, ás voltas com complicada família, marido e filhos agressivos que infernizavam sua vida, reclamava com Chico Xavier.
Não suportava mais, Estava prestes a explodir.
- Minha filha - dizia o abnegado médium -, Jesus recomendou que perdoemos não sete vezes, mas setenta vezes sete.
- Olhe Chico, tenho feito as contas. Perdoei meus familiares bem mais que quatrocentos e noventa vezes. Já fiz o suficiente...
Chico Xavier:
- Bem, minha filha, Emmanuel está ao meu lado e manda dizer-lhe que é para perdoar setenta vezes sete cada tipo de ofensa. “Ainda há muito a perdoar”.
"Perdoar os inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar os amigos é uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se tornou melhor".
(Izaías Claro - BIS - Boletim Informativo Seara - Ano II Nº 20)
Resposta de Chico Xavier a uma pessoa que, ao observar os necessitados tomando sopa, lhe perguntou:
- O senhor acha que um prato de sopa vai resolver o problema da fome no mundo? Chico, sem titubear responde:
Chico Xavier:
- O banho também não resolve o problema da higiene no mundo, mas nem por isso podemos dispensá-lo. (Busca e Acharás - Junho de 200)
Qual a maior prova concreta que Francisco Cândido Xavier aponta sobre a reencarnação?
Chico Xavier:
- A lógica para compreendermos a desigualdade no campo das criaturas humanas. Por que é que uns renascem sofrendo em condições muito mais difíceis do que os outros? Não podemos admitir a injustiça divina! Deus é a justiça suprema. Portanto, nós devemos a nós mesmos a conseqüência dos nossos desajustes. Se eu pratiquei um crime, se lesei alguém, é natural que não tendo pago a minha dívida moral, durante o espaço curto de uma existência, é justo que eu faça esse resgate em outra existência, porque de outro modo, compreenderíamos Deus como um ditador, distribuindo medalhas para uns e chagas para outros, o que é inadmissível".
Sem procedência
O que essa convivência estreita com os Espíritos lhe tem ensinado de mais importante?
Chico Xavier:
- “Creio que a matéria mais importante que recolhi da convivência diária com os Amigos Espirituais, durante 60 anos, é a que julgo seja o meu relacionamento com os meus semelhantes.“Tendo saído de um curso primário que não me proporcionava naturalmente qualquer diretriz psicológica para compreender as outras pessoas, o tato e a caridade que os Espíritos Amigos me ensinaram para guardar o respeito que devo ao próximo e que preciso manter para a minha paz íntima, na essência, foram e ainda são os melhores recursos que recebi da convivência com eles, para me relacionar com os irmãos da caminhada humana. Isso porque me cabe aceitá-los como são, dosando a verdade em qualquer diálogo que se faça necessária, sem feri-los e sem prejudicá-los.
Dizem os Amigos Espirituais que as atitudes de apreço e tolerância construtiva para com as criaturas, sejam como sejam, nos fazem ver que precisamos da cooperação delas, em nosso próprio benefício.”
(Revista Espírita -Nº 1)
Era uma agradável tarde de sábado e estávamos na ecumênica área da casa do Chico, quando alguém lhe disse:
- Chico, fale-nos sobre Meimei. Sua fala mansa e agradável começou a penetrar-nos os ouvidos:
Chico Xavier:
- É um Espírito que tem trabalhado muito. lembro-me quando ela precisou encaminhar seu ex-esposo, que andava muito triste para o segundo matrimônio. Quando a data do casamento estava próxima, ela começou a sentir um pouco de ciúmes e desejou voltar para junto dele. “Como esposa, não dá mais tempo. Mas, como filha, ainda posso” – pensou ela.
- Fez a solicitação, mas por sorte ou azar dela, seu requerimento foi parar nas mãos de nosso caro Emmanuel. Ele a chamou e disse: “ Suas horas de trabalho falam alto a seu favor. A senhora tem méritos suficientes para nascer como filha de sue ex-esposo, mas por que, então, a senhora sensibilizou tantos corações com suas mensagens, levantando creches e lares para crianças ? Deseja deixar o trabalho sobre os ombros dos companheiros e volta à Terra por uma simples questão de ciúmes? “Posso encaminhar seu requerimento às Autoridades Superiores, mas quero que a senhora fique bem certa de que ele vai sair daqui com o primeiro não, que é o meu.”
- Desde então Meimei desistiu da idéia e continua no Mundo Espiritual, graças a Deus. (Do livro Chico, de Francisco Autor Adelino da Silva__ Ed. Céu).
Ante as lutas que surgiram ao longo do tempo, algumas vezes chegou a pensar em viver a sua própria vida, deixando a mediunidade?
Chico Xavier:
- “No princípio das tarefas, estranhei a disciplina a que devia submeter-me. Fiquei triste ao imaginar que eu era uma pessoa rebelde e, nesse estado de quase depressão, certa feita me vi, fora do corpo, observando um burro teimoso puxando uma carroça que transportava muitos documentos.
Notei que o animal, embora trabalhando, fitava com inveja os companheiros da sua espécie que corriam livremente no pasto, mas viu igualmente que muitos deles entravam em conflitos, dos quais se retiravam com pisaduras sanguinolentas.
O burro começou a refletir que a vida livre não era tão desejada como supusera, de começo. A viagem da carroça seguia regularmente, quando ele se reconheceu amparado por diversas pessoas que lhe ofereciam alfafa e água potável.Finda a visão-ensinamento, coloquei-me na posição do animal e compreendi que, para mim, era muito melhor estar sob freios disciplinares, do que ser livre no pasto da vida, para escoicear companheiros ou ser por eles escoiceado”. ( Anuário Espírita (1988)
Que pensar da situação do doador de órgãos, no momento da morte, uma vez que seu instrumento físico se viu despojado de parte importante?
Chico Xavier:
– É o mesmo que sucede com uma criatura que cede seus recursos orgânicos a um estudo anatômico, sem qualquer repercussão no espírito que se afasta – vamos dizer de sua cápsula material.
O nosso André Luiz considera, excetuando-se determinados casos por mortes em acidentes e outros casos excepcionais, em que a criatura necessita daquela provação, ou seja, sofrimento intenso no momento da morte, esta de um modo geral não traz dor alguma porque a demasiada concentração do dióxido de carbono no organismo determina anestesia do sistema nervoso central, diz ele.
Estou falando como médium, que ouve esses amigos espirituais: não que eu tenha competência médica para estar aqui, pronunciando-me em termos difíceis.
Eles explicam que o fenômeno da concentração do gás carbônico no organismo alteia o Ter da anestesia do sistema nervoso central provocando um fenômeno que eles chamam de acidose. Com a acidose vem à insensibilidade e a criatura não tem estes fenômenos de sofrimento que nós imaginamos. O doador, naturalmente, não tem, em absoluto, sofrimento algum. ( Jornal Evangelho e Ação – Janeiro de 2001 )
O Poder da Oração
Chico Xavier:
- Fui criado acreditando no poder da oração. Devo isto às duas mães que o Senhor me concedeu. A nossa carência era tão grande, que nos sentíamos compelidos a tudo esperar do Alto; muitas vezes, não tínhamos o que comer. O trabalho era escasso. O meu pai, que vendia bilhetes de loteria, passava muitos dias sem vender uma tira... Os vizinhos nos socorriam. A solidariedade dos mais pobres me marcou profundamente o espírito.
( Do livro "Orações de Chico Xavier", do escritor Carlos A. Baccelli, editado em abril de 2003, pela Livraria Espírita Edições "Pedro e Paulo", sendo que os seus direitos autorais foram doados às obras assistenciais do Lar Espírita "Pedro e Paulo". Uberaba - MG )
No seu modo de entender, como se situa o Espiritismo no Brasil?
Chico Xavier:
- Desde muito, os instrutores desencarnados nos ensinam, por via mediúnica, que o Espiritismo no Brasil é realmente a Doutrina Codificada por Allan Kardec, restaurando os ensinamentos de Jesus, em sua simplicidade e clareza. Enquanto em muitos países diferentes do nosso, a prática espírita se resume a observações puramente científicas e a técnicas mediúnicas, entre nós, brasileiros, o assunto assume características diversas, compreendendo-se que o reconhecimento da imortalidade da alma faz-se acompanhar de conseqüências morais a que não nos será lícito fugir. Aprendemos com Allan Kardec que a Doutrina Espírita é a presença espiritual de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, conclamando-nos à vivência real dos seus ensinamentos de luz e amor. Em razão disso, o Espiritismo no Brasil é a caridade em ação com a fé raciocinada baseando-lhe as iniciativas e movimentos. Consultemos o acervo das instituições assistenciais do Espiritismo Cristão, espalhadas no Brasil inteiro e observemos a difusão das obras de Allan Kardec, em todo o nosso País, com a supervisão e o devotamento da Federação Espírita Brasileira e ser-nos-á fácil reconhecer em nosso desenvolvimento coletivo a presença do Espiritismo em sua legítima expressão, a definir-se como sendo o retorno das criaturas ao Cristianismo simples e puro.
Justamente por ocasião do seu quadragésimo aniversário em mediunidade, em 1967, Chico Xavier foi ouvido pelo jovem radialista Romeu Sérgio, que lhe formulou algumas indagações, respondidas, para figurarem num programa de grande audiência na Rádio Cultura da cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, de onde pinçamos essa opinião.
Do livro de Elias Barbosa, No Mundo de Chico Xavier, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, SP.
Estimaríamos colher a sua opinião a respeito dos últimos conflitos que colocaram em perigo a Paz Mundial...
Chico Xavier:
- Atentos aos nossos deveres de ordem doutrinária, já que o Espiritismo é a religião de Jesus, endereçada ao burilamento e confraternização dos homens, não seria cabível viéssemos a analisar os conflitos atuais do mundo, sob o ponto de vista político. Essa tarefa, na opinião de Emmanuel, o dedicado orientador espiritual que nos dirige as atividades, compete aos mentores encarnados da vida internacional.
Todos nós, os religiosos de todos os climas, nos reconhecemos atualmente defrontados por crises de insatisfação em quase todos os domínios da Humanidade, e, por isso mesmo, segundo as instruções que recebemos dos benfeitores espirituais, a nossa melhor atitude é a da prece, em favor dos líderes das nações, rogando a Deus os ilumine e guie, a fim de que todos eles se unam, no respeito às leis que o progresso já nos confiou, evitando nova grande guerra, cujos efeitos calamitosos, não conseguimos prever, nem calcular.
(Do livro de Elias Barbosa, No Mundo de Chico Xavier, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, SP)
Disse você que sentia fenômenos mediúnicos desde criança. Poderia especificá-los?
Chico Xavier:
- Sim. No quintal da casa em que eu morava, via freqüentemente minha mãe desencarnada em 1915 e outros Espíritos, mas as pessoas que me cercavam então não conseguiam compreender minhas visões e notícias, e acreditavam francamente que eu estivesse mentindo ou que estivesse sob perturbação mental.
Como experimentasse muita incompreensão, cresci debaixo de muitos conflitos íntimos, porque de um lado estavam as pessoas grandes que me repreendiam ou castigavam, supondo que eu criava mentiras e do outro lado estavam as entidades espirituais que perseveravam comigo sempre. Disso resultou muita dificuldade mental para mim, porque eu amava os espíritos, mas não queria vê-los para não sofrer punições por parte das pessoas encarnadas com quem eu precisava viver. (Trecho extraído de uma entrevista dada em 1977 à Revista Informação, publicada pelo Grupo Espírita "Casa do Caminho", de São Paulo, Capital, há mais de 26 anos, e que em sua mensagem da capa da edição 317, de março de 2003.
Tv Manchete)
- Por que pessoas que fazem tanto bem para a Humanidade, como a Irmã Dulce, tem uma morte tão sofrida?
Chico Xavier:
- Lembrando com muito respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos: E por que o sofrimento de Jesus no lenho? Ele era o guia da Humanidade e, a bem dizer, um anjo protetor da comunidade humana. É que nós necessitamos de uma interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário. Creio que todos nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência dos bens que desfrutamos. E nesse particular, se é possível, eu peço licença para recordar o meu próprio caso.
Eu sempre tive uma vida normal, como a de tantos seres humanos. Entretanto, com uma labirintite que me apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, porque tenho as minhas pernas constantemente doloridas e inúteis. Mas reconheço que estou com 82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de viver e tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me priva da vida natural de intercâmbio com os próprios familiares.
Um paraplégico que se habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou: “Chico Xavier, eu sou um leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido...
Indago a você por que é que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico de altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora devotada da infância e da mocidade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais elevado gabarito e que é seu amigo - por que é que eles não curam você?
“Eu disse assim:
“Meu amigo, graças a Deus, eu não me sinto com privilégio algum...
A mediunidade não me exime das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos nossos grupos sociais". Penso que essa moléstia tão longa e tão difícil é um ensinamento de que eu necessito, porque, quando chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e algum Instrutor me perguntar: "Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave que durasse longo tempo?...”
Eu vou dizer:
"Sim, fiz 80 anos e, depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo físico..."
Mas isto é muito natural em qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa. É uma crucificação gradual e que eu necessito, para não ficar envergonhado no Além, quando eu chegar à convivência dos nossos irmãos já desencarnados...
Eu quero não sentir vergonha de nunca ter sofrido...
Mas para mim isto não é sofrimento. Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano, gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo...
Se Jesus permitir, os médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe? Alguma melhora ou, se a doença continuar, eu devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio Divino que nos deu a felicidade da vida...
Então, eu estou aqui com vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa, porque estou muito bem. Não me falta alimentação, não me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita atenção, me proporcionando as melhoras possíveis...
E eu continuo há 2 anos na condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver libertada do corpo doente. Se ela puder - eu compreendo -, e, sendo possível, ela nos auxiliará.
(Transcrição Parcial da entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba, Minas, em 11 de maio de 1992-Anuário Espírita – 1999)
COMPAIXÃO
Chico Xavier:
- Sem compaixão uns pelos outros, a vida no mundo estará comprometida. Precisamos respeitar as pessoas, os animais - nossos irmãos menores -, as árvores, os rios...
A Terra é um palácio de beleza!
A Natureza é exuberante...
As estações do ano que se sucedem - cada uma tem uma beleza peculiar; a época de floração, do acasalamento dos pássaros, a temporada das chuvas, quando, então, tudo fica mais verde ainda...
À noite, temos estrelas no firmamento, a brisa que sopra mansamente...
Tudo isto é uma riqueza!
Somos ricos no Amor de nosso Pai!...
(Do livro "Orações de Chico Xavier", do escritor Carlos A. Baccelli, editado em abril de 2003, pela Livraria Espírita Edições "Pedro e Paulo", sendo que os seus direitos autorais foram doados às obras assistenciais do Lar Espírita "Pedro e Paulo". Uberaba - MG)
Existem pessoas que têm acorrido a todos os recursos terrenos e espirituais na esperança de uma cura para sua enfermidade, e não tendo resolvido seu problema, acabam chegando à descrença. Mesmo sem fé, muitas vezes ainda procuram você como um recurso. Essas pessoas podem chegar a receber uma cura?
Chico Xavier:
- Acredito que, se a pessoa está no merecimento natural da cura, tenha ela fé ou não tenha fé, a misericórdia divina permite que essa criatura encontre a restauração de suas forças.
Isso em qualquer religião, ou em qualquer tempo; agora, os espíritos nos aconselham um espírito de aceitação. Primeiramente, em qualquer caso de doença que possa ocorrer em nós, em nosso mundo orgânico, o espírito de aceitação, torna mais fácil ao médico deste mundo ou para os benfeitores espirituais do outro, atuarem em nosso favor.
Agora, a nossa aflição ou a nossa inquietação, apenas perturbam os médicos deste mundo ou do outro, dificultando a cura. E podemos ainda acrescentar: que muitas vezes temos conosco determinados tipos de moléstias, que nós mesmos pedimos, antes de nossa reencarnação, para que nossos impulsos negativos ou destrutivos sejam amainados.
Muitas frustrações que sofremos neste mundo são pedidas por nós mesmos, para que não venhamos a cair em falhas mais graves do que aquelas que já caímos em outras vidas. Mas, como estamos num regime de esquecimento - como uma pessoa anestesiada para sofrer uma operação - então demandamos em rebeldia, em aflição desnecessária, exigindo uma cura, que se tivermos, será para nossa ruína, não para o nosso benefício.
(De uma entrevista dada à Revista Destaque, em Outubro de 1977.
Consta do livro Chico Xavier - O Homem, o Médium e o Missionário, escrito por Antônio Matte Noroefé, de Cacequi, Rio Grande do Sul.)
Que mensagem você gostaria de aqui deixar para os iniciadores da construção do Terceiro Milênio?
Chico Xavier:
- Prezado amigo, se eu dispusesse de autoridade rogaria aos homens que estão arquitetando a construção do Terceiro Milênio, para colocarem no portal da Nova Era as inolvidáveis palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
(De uma entrevista dada ao jornal "O Povo", de Fortaleza, Ceará, em 09.03.1981.
Consta do livro Chico Xavier - O Homem, o Médium e o Missionário, escrito por Antônio Matte Noroefé, de Cacequi, Rio Grande do Sul.)
Lutas íntimas
Chico Xavier:
- Peço sempre aos Bons Espíritos que me auxiliem com as minhas lutas; todos precisamos das dificuldades para crescer...
Não devemos orar para que não tenhamos problemas, mas, sim, para que eles não nos embaracem... A luta é necessária. Quem ora com a idéia de se isentar das provas ora sem compreensão do espírito da prece...
(Do livro "Orações de Chico Xavier", do escritor Carlos A. Baccelli, editado em abril de 2003, pela Livraria Espírita Edições "Pedro e Paulo", sendo que os seus direitos autorais foram doados às obras assistenciais do Lar Espírita "Pedro e Paulo". Uberaba - MG)
Solicitado a opinar sobre o sexo, Francisco Cândido Xavier ensejou-nos nova e amorável mensagem:
Chico Xavier:
- Acreditamos que o compromisso sexual entre duas pessoas deve ser profundamente respeitado. Uma terceira pessoa em qualquer compromisso sexual é uma dificuldade a superar, porque não podemos esquecer que a lesão sentimental é, talvez, mais importante do que uma lesão física.
E alguém que prometeu amor a alguém deve se desincumbir deste compromisso com grandeza de pensamento e sem qualquer insegurança.
Não compreendemos a promiscuidade. Mas entendemos perfeitamente o relacionamento de alma para alma, com respeito que nós todos devemos uns aos outros."
Fonte: "O Espírita Mineiro". Número 179, julho/agosto/setembro de 1979. Publicado no livro CHICO XAVIER - MANDATO DE AMOR, editado abril/1993 pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais
Há uma preocupação mundial por uma nova ordem econômica e social no mundo (inclusive o Papa João Paulo II já chegou a pedi-la ao presidente Jimmy Carter). Em sua opinião, para onde caminha a Humanidade?
Haverá responsabilidade de, em breve, atingirmos um grau de igualdade e fraternidade entre os homens?
Chico Xavier:
- Creio que mesmo que isto nos custe muitos sofrimentos coletivos, nós chegaremos até a confraternização mundial.
As circunstâncias da vida na Terra nos induzirão a isso e nos conduzirão para essa vitória de solidariedade humana.
Não é para outra coisa que o Cristianismo, nas suas diversas interpretações, dentro das quais está a nossa faixa de doutrina espírita militante, terá nascido, não é? Eu creio que acima de nossas governanças, todas elas veneráveis, temos o Governo de poderes maiores que nos inspira e que, naturalmente, nos enviará recursos para que essa vitória da fraternidade universal se verifique.
(Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
EMMANUEL
Chico Xavier:
- Explicando. . . Lembro-me de que, em 1931, numa de nossas reuniões habituais, vi a meu lado, pela primeira vez, o bondoso Espírito Emmanuel.
Eu psicografava, naquela época, as produções do primeiro livro mediúnico, recebido através de minhas humildes faculdades e experimentava os sintomas de grave moléstia dos olhos.
Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz.
Às minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso guia:
- "Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos."
Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e, desde essa época, sinto constantemente a presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas atividades mediúnicas, está sempre ao nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a raciocinar melhor, no caminho da existência terrestre. A sua promessa de colaborar na difusão da consoladora Doutrina dos Espíritos tem sido cumprida integralmente.
Desde 1933, Emmanuel têm produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros.
Convidado a identificar-se, várias vezes, esquivou-se delicadamente, alegando razões particulares e respeitáveis, afirmando, porém, ter sido, na sua última passagem pelo planeta, padre católico, desencarnado no Brasil.
Levando as suas dissertações ao passado longínquo, afirma ter vivido ao tempo de Jesus, quando então se chamou Públio Lêntulos.
E de fato, Emmanuel, em todas as circunstâncias, tem dado a quantos o procuram os testemunhos de grande experiência e de grande cultura.
Para mim, tem sido ele de incansável dedicação. Junto do Espírito bondoso daquela que foi minha mãe na Terra, sua assistência tem sido um apoio para meu coração nas lutas penosas de cada dia.
Muitas vezes, quando me coloco em relação com as lembranças de minhas vidas passadas e quando sensações angustiosas me prendem o coração, sinto-lhe a palavra amiga e confortadora.
Emmanuel leva-me, então, às eras mortas e explica-me o grande e pequeno por que das atribulações de cada instante. Recebo invariavelmente, com a sua assistência, um conforto indescritível, e assim é que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa da mediunidade, em que somos ainda tão incompreendidos.
Alguns amigos, considerando o caráter de simplicidade dos trabalhos de Emmanuel, esforçaram-se para que este volume despretensioso surgisse no campo da publicidade.
Entrar na apreciação do livro, em si mesmo, é coisa que não está na minha competência. Apenas me cumpria o dever de prestar ao generoso guia dos nossos trabalhos a homenagem do meu reconhecimento, com a expressão da verdade pura, pedindo a Deus que o auxilie cada vez mais, multiplicando suas possibilidades no mundo espiritual, e derramando-lhe n´alma fraterna e generosa as luzes benditas do seu infinito amor.
(Prefacio do livro “Emmanuel - Dissertações Mediúnicas Sobre Importantes Questões Que Preocupam a Humanidade” Escrito em 16 de setembro de 1937, para o lançamento de sua primeira edição pela Federação Espírita Brasileira em 1938.)
Instado a opinar também sobre os vícios, o médium ensejou-nos novos e importantes esclarecimentos:
Chico Xavier:
- Não entendemos o vício como sendo um problema de criminalidade, mas como um problema de desequilíbrio nosso, diante das leis da vida. E isto não apenas no terreno em que o vício é mais claramente examinado.
Por exemplo: se falamos demasiadamente, estamos viciados no verbalismo excessivo e infrutífero. Se bebemos café excessivamente, estamos destruindo também as possibilidades do nosso corpo nos servir. Quando falamos a palavra vício, habitualmente logo nos recordamos do sexo.
Mas do sexo herdamos nossa mãe, nosso pai, lar, irmãos, a bênção da família. Tudo isto recebemos através do sexo. No entanto, quando falamos em vício, lembramo-nos do fogo do sexo e o tóxico... Mas tóxico é outro problema para nossos irmãos que se enfraqueceram diante da vida, que procuram uma fuga. Não são criminosos. São criaturas carentes de mais proteção, de mais amor. Porque se os nossos companheiros enveredaram pelo caminho do tóxico, eles procuraram esquecer algo. E esse algo são eles mesmos.
Então, precisávamos, talvez, reformular nossas concepções sobre o vício.
Há pouco tempo, perguntamos ao espírito de Emmanuel como é que ele definia um criminoso.
Ele nos disse: "O criminoso é sempre um doente, mas se ele for culpado, só deve receber esse nome depois de examinado por três médicos e três juízes".
(Fonte: "O Espírita Mineiro", número 179, julho/agosto/setembro de 1979. Publicado no livro CHICO XAVIER - MANDATO DE AMOR, Editado abril/1993 pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais)
A Doutrina Espírita é acusada de, ao se preocupar somente com a vida no além, ajudar a manter o sistema político vigente, por não se preocupar com o progresso material e político do homem na Terra.
O que acha?
Chico Xavier:
- É muito interessante isso, mas não desejamos abusar, desprestigiar, desprimorar mesmo a figura de Jesus Cristo. É importante considerar que Jesus cogitou muito da melhora da criatura em si.
Auxiliou cada companheiro no caminho a ter mais fé, a amar os seus semelhantes, ensinou os companheiros a se entre-ajudarem, de modo que nós vimos Jesus sempre preocupado com o homem, com a alma.
Não nos consta que ele tivesse aberto qualquer processo de subversão com o Império Romano, nem mesmo contra a Palestina ocupada.
Então, o espírita não é propriamente uma pessoa conformada do ponto de vista negativo. Conformismo em Doutrina Espírita tem o sinônimo de paciência operosa. Paciência que trabalha sempre para melhorar as situações e cooperar com aqueles que recebem a responsabilidade da administração de nossos interesses públicos.
Em nada nos adiantaria dilapidar o trabalho de um homem público, quando nosso dever é prestigiá-lo e respeitá-lo tanto quanto possível e também colaborar com ele para que a missão dele seja cumprida. Porque é sempre mais fácil subverter as situações e estabelecer críticas violentas ou não em torno de pessoas.
Nós precisamos é da construtividade.
Não que estejamos batendo palmas para esse ou aquele, mas porque devemos reverenciar o princípio da autoridade, porque sem disciplina não sei se pode haver trabalho, progresso, felicidade, paz ou alegria para alguém. Veja a natureza: se o sol começasse a pedir privilégios e se a Terra exigisse determinadas vantagens, o que seria de nós com a luz e o pão de cada dia?
(Esta entrevista faz parte de um extenso trabalho de reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Cotta, do jornal "Estado de Minas", publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980. Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
Então o senhor não acredita no Apocalipse previsto por Nostradamus e outros videntes para o ano 2.000?
Chico Xavier:
- Respeito os estudos sobre o Apocalipse, mas não tenho ainda largueza de pensamento para interpretar o Apocalipse como determinados técnicos o interpretam e situam.
Mas, acima do próprio Apocalipse, eu creio na bondade eterna do Criador que nos insuflou a vida imortal.
Então, acima de todos os apocalipses, eu creio em Deus e na imortalidade humana e essa duas realidades preponderarão em qualquer tempo da Humanidade.
(Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
Inimigos da Prece
Chico Xavier:
- Existem espíritos inimigos da prece - são aqueles que não acreditam na Paternidade Divina. Assemelham-se às terras desertas onde nada cresce... Somente a Misericórdia do Senhor poderá transformá-los. São espíritos doentes, que deverão ser tratados em sucessivas internações no corpo de carne. (Do livro "Orações de Chico Xavier", do escritor Carlos A. Baccelli)
O mal nunca vencerá o bem?
Chico Xavier:
- O bem sanará o mal, porque este não existe: é o bem, mal interpretado. Muitas vezes aquilo que julgamos como mal, daqui a dois, quatro, seis anos, é um bem. Um bem cuja extensão não conseguimos avaliar. Portanto, o mal está muito mais na nossa impaciência, no nosso desequilíbrio quando exigimos determinadas concessões, sem condições de obtê-las. De modo que o mal é como se fosse o frio. Este existe porque o calor ainda não chegou. Mas chegando o aquecimento, o frio deixa de existir.
Se a treva aparece é porque a luz está demorando, mas quando acendemos a luz ninguém pensa mais nas trevas. Não creio na existência do mal em substância. Isso é uma ficção.
(Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
Pode-se afirmar que todos os homens que habitam hoje a Terra já tiveram uma experiência anterior de vida?
Chico Xavier:
- Todos os que estão acima da inteligência sub-mediana são espíritos reencarnados. Agora, os espíritos nos explicam que aquelas criaturas demasiadamente primitivas, que às vezes nem mesmo se deslocam para o serviço de auto-alimentação, essas criaturas estarão talvez na primeira experiência de existência humana. Mas, desde que a criatura já nasça com determinadas tendências, essas revelam que as pessoas já viveram em outras fases, em outras instâncias. (Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.)
Como se explica que o mundo tivesse no ano de 1500, vamos supor, 500 milhões de habitantes e agora, no limiar do ano 2.000, estarmos com uma população em torno de 4 bilhões de pessoas?
Chico Xavier:
- O próprio Jesus disse: "A casa de meu Pai tem muitas moradas."
Então, se nós limitarmos a nossa visão a apenas uma unidade física, estaremos limitados em nossos raciocínios. Mas ocorre que a região chamada crosta terrestre é cercada por várias áreas habitadas por inteligências junto das quais ainda não temos acesso preciso. Nós acreditamos, juntamente com os amigos espirituais, que a população flutuante da Terra vai para mais de 20 bilhões, isto só a população desencarnada.
(Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.)
Atualmente, fala-se muito nos contatos de seres extraterrenos.
O senhor acredita na existência de discos voadores?
Chico Xavier:
- Eu acredito que existem naves interplanetárias. Mas o assunto é um tanto quanto difícil, porque pertence ao campo da ciência.
Nós não podemos ignorar que, depois da Segunda Guerra Mundial, as superpotências experimentaram determinadas máquinas, mormente máquinas voadoras, naturalmente com segredos de Estado que são compreensíveis. Possivelmente, teremos máquinas de formas esféricas para voar e concorrer com nossos aviões, com nossos "Concordes" e talvez estejam esperando a hora certa para surgir.
Se entrarmos aí numa contenta sobre discos voadores, que dependem de outros mundos, de outras regiões de nossa galáxia, e se as sedes desses engenhos não permitirem que eles venham visitar a Terra durante muito tempo e aparecerem às máquinas esféricas das superpotências, então com que rosto vamos aparecer?
Vamos deixar que a ciência resolva este problema. (Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
O que poderá acontecer ao mundo se continuarem as atuais agressões à natureza?
Chico Xavier:
- Acontece que estamos agredindo, não a natureza, mas a nós próprios e responderemos pelos nossos desmandos.
É importante pensar que se criou a Ecologia para prevenir estes abusos.
Aqueles que acreditarem na Ecologia acima de seus próprios interesses nos auxiliarão nessa defesa do nosso mundo natural, da nossa vida simples na Terra, que poderia ser uma vida de muito mais saúde e de muito mais tranqüilidade se nós respeitássemos coletivamente todos os dons da natureza.
Mas, se continuarmos agredindo-a demasiadamente, o preço será pago por nós próprios, porque depois voltaremos em novas gerações, plantando árvores, acalentando sementes, modificando o curso dos rios, despoluindo as águas, drenando os pântanos e criando filtros que nos libertem da poluição. O problema será sempre do homem.Teremos que refazer tudo, porque estamos agindo contra nós mesmos. (Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
Estuda-se no Brasil uma forma de legalização do aborto. Qual sua opinião?
Chico Xavier:
- O aborto é sempre lamentável, porque se já estamos na Terra com elementos anticoncepcionais de aplicação suave, compreensível e humanitária, porque é que havemos de criar a matança de crianças indefesas, com absoluta impunidade, entre as paredes de nossas casas?
Isto é um delito muito grave perante a Providência Divina, porque a vida não nos pertence e, sim, ao poder divino.
Se as criaturas têm necessidade do relacionamento sexual para revitalização de suas próprias forças, o que achamos muito justo seria melhor se fizessem sem alarme ou sem lesão espiritual ou psicológica para ninguém. Se o anticoncepcional veio favorecer esta movimentação das criaturas, por que vamos legalizar ou estimular o aborto?
Por outro lado, podemos analisar que se nossas mães tivessem esse propósito de criar uma lei do aborto no século passado, ou no princípio e meados deste século, nós não estaríamos aqui. (Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.)
De vez em quando aparece alguém que, em virtude de algum problema social mais grave - a violência, por exemplo, - pede a pena de morte. O senhor concorda?
Chico Xavier:
- A pena deveria ser de educação. A pessoa deveria ser condenada, mas é a ler livros, a se educar, a se internar em colégios ainda que seja, vamos dizer, por ordem policial.
Mas que as nossas casas punitivas, hoje chamadas de casas de reeducação, sejam escolas de trabalho e instrução.
Isto porque toda criatura está sentenciada à morte pelas leis de Deus, porque a morte tem o seu curso natural.
Por isso, acho que a pena de morte é desumana, porque ao invés de estabelecê-la devíamos coletivamente criar organismos que incentivassem a cultura, a responsabilidade de viver, o amor ao trabalho. O problema da periculosidade da criatura, quando ela é exagerada, esse problema deve ser corrigido com educação e isso há de se dar no futuro.
Porque nós não podemos corrigir um crime com outro, um crime individual com um crime coletivo. (Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
Qual a posição do Espiritismo, hoje, quando a Igreja amplia a evangelização, com a visita do Papa a várias regiões do mundo?
Chico Xavier:
- Nós, brasileiros, temos para com a Igreja Católica uma dívida irresgatável, porque por mais de 400 anos nós fomos e somos tutelados por ela na formação do nosso caráter cristão.
Quando nos lembramos que os primeiros missionários entraram pela terra brasileira adentro, não com laminas ou objetos de guerra, mas com a cruz de Cristo, nós nos enternecemos profundamente e compreendemos que a nossa dívida é imensa.
Se o nosso povo está tributando as homenagens merecidas e justas ao Papa, que nos visita em missão de Deus, nós devemos estar satisfeitos e rejubilar-nos com essas manifestações, porque isso mostra que nosso povo é reconhecido a uma instituição que nos deu e dá tanto.
Hoje, podemos ser livres pensadores espíritas, espiritualistas, evangélicos, podemos matricular nossos corações nas diversas escolas que são derivadas do próprio Cristianismo, mas não podemos esquecer aquele trabalho heróico dos primeiros tempos, dos primeiros séculos.
A Igreja até hoje tutela a comunidade brasileira, com muito amor.
(Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor,editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.)
Nota-se de uns tempos para cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo. Como o senhor vê essa situação?
Chico Xavier:
- Eu creio que o número de adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis, desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes sociais e tudo isso tem induzido a comunidade a procurar uma resposta espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do nosso tempo.
Eu creio que, por isso mesmo, a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho cada vez mais amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e responsabilidade para aqueles que são os companheiros da seara espírita e evangélica.
Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo
Horizonte, Minas Gerais.
Deve-se aceitar a lei do carma passivamente ou temos condições de modificá-la, talvez, para uma condição melhor?
Chico Xavier:
- Aquilo que ficou estabelecido como sendo nossa dívida é uma determinação que devemos pagar. Se comprei e assumi a dívida, devo pagar.
É o que consideramos destinação, é o carma.
Mas isso não impede a lei da criatividade com a qual nós podemos atuar todos os dias para o bem, anulando o carma, chamado de sofrimento.
Vamos supor que uma criatura está doente e precisa de uma intervenção cirúrgica. É o caso de perguntarmos: ela deve ou não se submeter à intervenção cirúrgica, o que tem todas as possibilidades de êxito?
Ela deve sim, deve preservar o seu próprio corpo, é um dever procurar a medicina e se valer do socorro médico para a reabilitação do seu próprio organismo. Então, aí está uma resposta a esta questão.
A misericórdia de Deus sempre nos proporciona recursos para pagar ou reformar os nossos títulos de débito, assim como uma organização bancária permite que determinadas promissórias sejam pagas com grandes adiantamentos, conforme o merecimento do devedor. Assim como temos grande número de amigos avalistas a nos tutelar nos Bancos, temos também os espíritos extraordinários que são os santos, os anjos, os nossos amigos espirituais que pedem por nós, que auxiliam que nos dão mais oportunidade para que a gente tenha mais tempo. Por isso que a pessoa deve cuidar bem de seu corpo, porque ele é a enxada com a qual a criatura está semeando e lavrando o terreno do tempo e das boas ações.
De modo que existe o carma, mas existe também o pensamento livre, porque nós somos livres por dentro da cabeça.
Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.
A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até quando?
Chico Xavier:
- O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório perispirítico, o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo correspondente ao tempo que o hábito perdurou na existência física do fumante. Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige quotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo. (Resposta de Emmanuel, através do Chico Xavier, dada a entrevista feita pelo jornalista Fernando Worm, em agosto de 1978, inserida no livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre).
Como descreveria a ação dos componentes do cigarro no perispírito de quem fuma?
Chico Xavier:
- As sensações do fumante inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da angustiosa sede de recursos tóxicos a que se habituou no Plano Físico, de tal modo obsecante que as melhores lições e surpresas da Vida Maior lhe passam quase que inteiramente despercebidas, até que se lhe normalizem as percepções.
O assunto, no entanto, no capítulo da saúde corpórea deveria ser estudado na Terra mais atenciosamente, de vez que a resistência orgânica decresce consideravelmente com o hábito de fumar, favorecendo a instalação de moléstias que poderão ser claramente evitáveis.
A necropsia do corpo cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa sem esse hábito estabelece clara diferença.
Entrevista feita pelo jornalista Fernando Worm, em outubro de 1978, inserida no livro Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.
Nair Belo, no programa da Hebe, em janeiro de 1986, lamentou a existência de grande quantidade de jovens que estão fazendo uso de drogas, e perguntou ao médium o porquê desse desastre.
Chico Xavier:
- O tóxico é o irmão mais sofisticado da cachaça, através da qual também nós temos perdido muita gente.
A fascinação pelo tóxico é a necessidade de amor que o jovem tem. Mesadas grandes que não são acompanhadas de carinho e de calor humano paterno geram conflitos muito grandes.
Muitas vezes a privação do dinheiro, o trabalho digno e o afeto vão construir uma vida feliz. (Extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre.)
Se o senhor tivesse que dar uma mensagem a uma criança, ou mesmo a um filho, para que ele pudesse vencer espiritualmente na vida, o que diria?
Chico Xavier:
- Se eu tivesse um filho (tive na minha vida algumas crianças que cresceram sob a minha responsabilidade), ensinaria nos primeiros dias de vida desse filho o respeito à existência de Deus e o respeito à justiça e amor ao trabalho. E, em seguida, ensinaria que ele não seria, e não será, melhor do que os filhos dos outros. (Reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Cotta, do jornal "Estado de Minas", publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980.
Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais. )
Chico estamos diante de uma onda crescente de violência em todo o mundo.
A que os espíritos atribuem essa ocorrência?
Gostaria que você se detivesse também no problema dessa corrida da população às armas, para a defesa pessoal. Como você vê tudo isso?
Chico Xavier:
- Temos debatido esse problema com diversos amigos, inclusive com nossos benfeitores espirituais e eles são unânimes em afirmar que a solidão gera o egocentrismo e esse egocentrismo exagerado reclama um espírito de autodefesa muito avançado em que as criaturas, às vezes, se perdem em verdadeiras alucinações.
Então a violência é uma conseqüência do desamor que temos vivido em nossos tempos, conforto talvez excessivo que a era tecnológica nos proporciona. A criatura vai se apaixonando por facilidades materiais e se esquece de que nós precisamos de amor, paciência, compreensão e carinho. A ausência desses valores espirituais vai criando essa agressividade exagerada no relacionamento entre as pessoas ou entre muitas das pessoas no nosso tempo.
De modo que precisaríamos mesmo de uma campanha de evangelização, de retorno ao Cristianismo em sua feição mais simples para que venhamos a compreender que não podemos pedir assistência espiritual a um trator de esteira, não podemos pedir socorro a determinados engenhos que hoje nos servem como recursos de pesquisas em pleno firmamento, nós precisamos desses valores de uns para com os outros.
Quando nos voltarmos para o sentimento, para o coração, acreditamos que tanto a violência, como a corrida às armas para defesa pessoal decrescerão ao ponto mínimo e vamos extinguindo isso, pouco a pouco, à medida que crescemos em manifestações de amor, reciprocamente. (Entrevista feita em junho de 1980 por Marlene R. S. Nobre, transcrita no livro de sua autoria "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita")
Perguntamos a Chico Xavier, em Uberaba, qual seria a explicação para o problema do nanismo.
Chico Xavier:
Ele afirmou que a pessoa encarna sob essa condição, basicamente por duas razões: a primeira delas, a mais freqüente, porque praticou o suicídio em outra existência e a segunda por ter abusado da beleza física, causando a infelicidade de outras pessoas.
O nanismo está particularmente ligado ao suicídio por precipitação de grandes alturas. O anão revoltado, segundo explicou-nos Chico, em geral é o suicida de outra existência que não se conforma de não ter morrido, porque constatou que a vida é uma fatalidade e, mesmo desejando, não conseguiu extingui-la.
Chico afirmou que o corpo espiritual sofre, com esse tipo de morte, lesões que vão interferir no próximo corpo, prejudicando particularmente a produção de hormônios, daí a formação do corpo anão, e as diversas formas de nanismo, mais ou menos graves, segundo o comprometimento do espírito.
Ele disse ainda que conhece mães e pais maravilhosos que têm aceitado a prova com coragem e amparado os filhos anões com muito carinho e dedicação. Reconhece que a explicação espírita através da lei de causa e efeito e das encarnações sucessivas contribui bastante para a resignação perante a prova. Suas palavras são de estímulo e encorajamento aos pais e portadores de nanismo para que não se revoltem e aceitem esse estágio na Terra como um valioso aprendizado para o espírito imortal. (Esse texto, escrito pela Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, foi extraído do livro de sua autoria Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita)
"No dia 23 de janeiro de 1981, conversávamos com Chico Xavier, em sua residência, sobre mediunidade, tema que sempre nos fascinou.
Na ocasião, adentraram a casa dois visitantes dos Estados Unidos da América, acompanhados de Eurípedes Tahan Vieira, seu médico particular e amigo de longa data. Donald, um dos visitantes, pergunta-lhe: Em sua opinião a que veio Jesus Cristo?E quanto à sua morte na cruz?
Chico Xavier:
- Jesus nos ofereceu um sistema de vida. Aprendemos com ele o perdão. Não me consta que sábios ilustres, como Sócrates e Platão, tenham atendido algum mendigo, embora, com o devido respeito que merecem, tenham sido criaturas que forneceram vôos ao pensamento humano.
Também quanto ao bem do próximo, tivemos no ensino do Samaritano uma aula sobre a caridade. Jesus veio até nós para ensinar que o amor é o caminho para uma vida abundante.
Foi sua assinatura - concluiu o médium - como se ele estivesse assinando uma escritura, para lhe dar a maior autenticidade. (Testemunha ocular descrevemos o fato para estudo e meditação... "Do livro "Aprendendo com Chico Xavier - Um exemplo de vida", escrito por Paulo Severino Rossi.)
O filme Kramer x Kramer questiona o problema da paternidade e da maternidade a partir da separação de um casal e da educação resultante dessa união.
Você acha que a Jurisprudência deveria introduzir novos critérios nas questões da família e permitir ao pai, em maior número de casos, ficar com a guarda do filho?
Chico Xavier:
- Nós que lidamos com o assunto de reencarnação, somos compelidos a entender que no espírito feminino ou da criatura que atravessou larga faixa de séculos no campo da feminilidade, o amor está plasmado para a criatividade perante a vida.
Por enquanto, eu não posso conceber que no espírito de masculinidade haja recursos suficientes para que a criação dos filhos ou a condução da criança, em si, encontre um campo bastante fortalecido para que a criatura se desenvolva em nosso meio terrestre. Creio que seja uma inversão de valores.
Não posso entender muito bem esta parte, pelo menos para os próximos anos, porque então teríamos de educar a mulher para ter as atividades do homem e educar o homem para ter as atividades da mulher o que seria um contra-senso, sobretudo se fôssemos exigir isso de um momento para outro.
Entrevista feita pela Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, Do livro de sua autoria "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita."
Como devemos entender a expressão "almas gêmeas" dentro da conceituação de que os espíritos não têm sexo?
Chico Xavier:
- Diz "O Livro dos Espíritos" que os espíritos não possuem sexo como entendemos na Terra, mas percebamos "como entendemos", de vez que, do ponto de vista da comunhão das criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo tem o magnetismo que se lhe faz peculiar.
A saudade de alguém é a fome do magnetismo desse alguém, razão pela qual o amor é uma lei para nós todos, das pessoas umas com as outras no curso do tempo e na construção dos ideais que lhes são comuns.
Entrevista feita pelo Sr. Fernando Worm, janeiro de 1977, Do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita"
A caravana pára frente a uma palhoça num bairro pobre de Uberaba. Uma mulher grisalha acerca-se do médium à saída do carro: "Chico, meu neto está pra morrer. Que é que eu faço?"
Chico Xavier:
- Minha irmã, a prece de uma avó por um neto necessitado arromba as portas do céu! Vamos orar.
Texto de Sr. Fernando Worm, janeiro de 1977, Do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita"
Um grupo de pessoas do bairro logo se forma na calçada dele adiantando-se uma mulher ainda jovem em visível crise nervosa:
"Chico, estou com espírito ruim encostado em mim, tira ele de mim".
Chico Xavier:
Uai, gente, para que tirar o Espírito? Vamos evangelizar-nos todos juntos, encarnados e desencarnados.
Texto de Sr. Fernando Worm, janeiro de 1977, Do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita"
Uma recém-casada, alta e magra, queixa-se de que o marido se enfureceu e ficou violento:
Chico Xavier:
- A caridade quebra a violência. Minha filha, a harmonia muitas vezes é fruto da caridade. (Texto de Sr. Fernando Worm, janeiro de 1977, Do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita"
Acredita você na existência de cidades em Marte, na base de matéria diferente daquela que conhecemos na Terra?
Chico Xavier:
- Devo informar à "Folha Espírita" que antes de psicografarmos o livro "Nosso Lar", de nosso amigo André Luiz, a nossa idéia sobre qualquer cidade em outros planetas se fixava em quadros que seriam absolutamente iguais aos do nosso Plano Físico, na Terra.
Quando os amigos espirituais se reportavam a cidades em outros mundos, não possuía, de minha parte, outros padrões comparativos se não os que identificava neste mundo mesmo.
Entretanto, em 1943, quando iniciei a psicografia dos livros de André Luiz, passei a reconhecer que a matéria se caracterizava por diferentes gradações e compreendi que, em torno de paisagens cósmicas, sejam elas quais sejam, podem existir cidades e vida comunitária, em condições que nos escapam, por enquanto, ao conhecimento condicionado de espíritos temporariamente encarnados na existência física. (Entrevista dada à Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, em setembro de 1976, contida no livro de sua autoria "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita". )
Comentou-se que o senhor estaria restringindo o número de consultas diárias por motivos de saúde. É verdade?
Chico Xavier:
- Pelo contrário. O médico acha que devo restringir as consultas, que só devo atender uma média diária de 50 pessoas, não por não estar bem, mas por ter 74 anos. Diminuí as consultas para continuar bem.
De uma entrevista dada aos repórteres Luiz Caio e Luizinho Coruja, publicada na revista Contigo/Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO ESPÍRITA 1985
Suas palavras de solidariedade sempre giram em torno da missão que cada ser humano tem. Qual é a sua missão?
Chico Xavier:
- Um capim tem uma missão, alimentar o boi. Minha missão é como a do capim ou de qualquer outra plantinha sem nome que exista por aí. Precisamos viver honradamente e fazer tudo o que pudermos para ajudar o próximo a superar suas dificuldades.
De uma entrevista dada aos repórteres Luiz Caio e Luizinho Coruja, publicada na revista Contigo/Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO ESPÍRITA 1985
Mesmo sem quase nunca sair de Uberaba, o senhor vem acompanhando a situação do mundo atual e, particularmente, os muitos problemas brasileiros. Como analisaria tudo isso?
Chico Xavier:
- O mundo que hoje se nos apresenta parece totalmente desorientado. As pessoas perderam o interesse por tudo. Até pela própria existência!
Os jovens não sabem que caminho seguir. Além disso, são perseguidos pelas drogas. Quanto ao Brasil, pode parecer estranho o que vou dizer, mas, à medida que nossa comunidade se enriqueceu materialmente, uma nuvem de incompreensão nos cobriu a todos. Quando o País era paupérrimo, principalmente na região que nasci centro-sertão de Minas Gerais, nós éramos obrigados a trabalhar muito dos 10 anos em diante. A escola era algo de sacrifício, de privilégio. Estudávamos quando e se tivéssemos tempo, após colher feijão, socar arroz e milho, carpir a terra, alimentar os animais.
Dávamos um valor especial àquilo que conseguíamos através de nosso suor, de nosso esforço. A medida que fomos nos desenvolvendo, nos industrializando, e as coisas foram ficando mais fáceis, fomos também perdendo a noção do valor delas.
Nós enriquecemos materialmente e perdemos nossa riqueza espiritual. Mas acredito que isso seja uma coisa transitória, pois sei que ao final teremos todo o amparo da fé cristã que nos livrará das ameaças. Creio na vitória de Jesus Cristo. (Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO ESPÍRITA 1985 De uma entrevista dada aos repórteres Luiz Caio e Luizinho Coruja,publicada na revista Contigo)
Os avanços da medicina mostram o caminho da manipulação genética para acabar com as doenças. O Espiritismo afirma que os desequilíbrios do Espírito e, conseqüentemente, do perispírito, levam às moléstias. Como ficamos?
Chico Xavier:
- A medicina, quando expressa uma afirmativa, é verdadeira. Pode o assunto estar entrosado às necessidades da vida mental ou espiritual. Não podemos desprestigiar a medicina, porque, quando ela fala, está baseada em fatos e experiências.
Entrevista concedida à Marlene Rossi Severino Nobre, publicada na Folha Espírita, São Paulo, SP, em Fevereiro de 1993.
Hoje se instalou uma nova Constituição no país. Como a vemos?
Chico Xavier:
- Os técnicos afirmam em artigos bem fundamentados para os nossos jornais que a Constituição está muito bem elaborada.
Formulamos votos que essa Constituição seja um instrumento de paz e felicidade a todos os brasileiros, com os nossos agradecimentos àqueles que formularam esse novo instrumento de leis.
Que todos recebamos com boa vontade o documento que se fez e regerá a nossa existência, e peçamos ao Senhor que nos dê força, saúde e boa vontade para procurar a alegria do trabalho, porque o trabalho já é uma concessão de Deus. Vamos esperar que Ele nos dê o que necessitamos.
Entrevista concedida ao Dr. Rossi, no Centro Espírita União, em São Paulo, SP,
durante o XIV Encontro da Boa Vontade, na noite de 05/10/1988. Transcrito da Folha Espírita, S.Paulo, novembro de 1988.
Na China já está sendo utilizado um medicamento que provoca o aborto, quando ingerido, nas primeiras semanas, sem necessidade de intervenção cirúrgica. O que você pensa disso?
Chico Xavier:
- Sempre que faço qualquer referência ao aborto, lembro-me da utilidade do anticoncepcional como elemento de socorro às necessidades do casal.
As duas criaturas querem a união, mas não estão em condições de realizarem esse ideal, nesse caso, a anticoncepção viria em seu auxílio.
Se minha mãe, quando me esperava, repleta de doenças quisesse me expulsar, não sei o que seria de mim.
Se há o anticoncepcional, por que teremos de promover a morte de criaturas nascituras ou em formação?
Com uma terra tão imensa para ser lavrada e aproveitada, é impossível aplaudir o aborto. Somente podemos entender o aborto terapêutico quando a vida materna está ameaçada.
Lembro-me de minha mãe, sofrendo por minha causa e não posso aplaudir.
Entrevista concedida ao Dr. Rossi, no Centro Espírita União, em São Paulo, SP,
durante o XIV Encontro da Boa Vontade, na noite de 05/10/1988. Transcrito da Folha Espírita, S.Paulo, novembro de 1988.
Aris-Match publicou que um autor que há 10 anos criticou a reencarnação, agora publica outro falando a favor. Afirmou que os médiuns eram falhos, mas que agora é possível ouvir em equipamentos eletrônicos de grande sensibilidade a comunicação dos Espíritos e não há como negar isso.
Chico Xavier:
- Vemos com muita alegria e com muita esperança de que esse evento possa ser aperfeiçoado e assim podermos contar com a eletrônica para suplementar todas as formas de comunicação com o mundo espiritual. A palavra do autor é significativa e devemos aguardar com interesse e carinho os estudos que ele fez. O conhecimento da reencarnação vai ganhando inteligências através da parapsicologia. E essa vitória do autor pertence à coletividade humana porque é a palavra de um homem resguardada pela fé e pela inteligência.
Vamos esperar que a reencarnação seja pesquisada cada vez mais para que cheguemos às convicções espíritas cristãs e para que não restem dúvidas a respeito.
Nós, espíritas, enfrentamos uma vereda espinhosa para subir determinado monte, o monte da fé, sem esperar qualquer conforto e temos a reencarnação, como ponto pacífico. Mas, atualmente, através da ciência, está se construindo uma avenida para chegar aos mesmos resultados a que nós chegamos. Esperemos que o autor não esmoreça e que outros autores apareçam e venham a formular conosco a realidade da reencarnação, que é incontestável.
Entrevista concedida ao Dr. Rossi, no Centro Espírita União, em São Paulo, SP,
durante o XIV Encontro da Boa Vontade, na noite de 05/10/1988. Transcrito da Folha Espírita, S.Paulo, novembro de 1988.
Seremos Pátria do Evangelho na Grande Renovação?
Chico Xavier:
- Quanto à conceituação de Pátria do Evangelho, nós somos compelidos a pensar no futuro, quando teremos, talvez, necessidade de exemplificarmos, até com o sacrifício, o Evangelho que nos foi confiado pelo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sem nos esquecermos que, do ponto de vista evangélico, até Ele foi atingido pelo sacrifício extremo, para dar-nos essa alvorada maravilhosa, que a doutrina de luz que nós abraçamos e que nos une a todos num abraço só, num só coração.
Chegada essa época, naturalmente, seremos compelidos a testemunhos e a exemplificações. E, agora, antes das lutas maiores que o porvir nos reserva, serão horas difíceis para nós. Como filhos da Pátria do Evangelho, devemos exemplificar e esperar. (Trecho de entrevista feita pela Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, em fevereiro de 1993, extraído do livro de sua autoria Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita.)
Com tanta violência e corrupção em nosso país, os benfeitores acreditam que o Brasil seja "O coração do mundo e a pátria do Evangelho?"
Chico Xavier:
- Essa pergunta tem sido assunto de muitos diálogos nossos com os companheiros de nossa casa. O nosso Emmanuel é de opinião que dentro do mundo turbulento, com a incompreensão comandando tantos corações, tantos milhões de pessoas, não pode ser motivo de dúvidas para nós que o Brasil é o coração do mundo.
Quando nós nos lembramos que, com todas as deformidades que assinalam a nossa época, com todas as dificuldades de ordem material, nossas mesas têm sido amparadas por benfeitores espirituais. O pão que nós pedimos na oração dominical é modificado por bênçãos de toda a espécie.
Trecho de entrevista feita pela Dra. Marlene Rossi Severino Nobre,
em fevereiro de 1993, extraído do livro de sua autoria
Rafael Vanussi (Criança) - Chico, e a relação pais e filhos? Como a gente deve se comportar? E como nossos coroas devem nos tratar?
Chico Xavier:
- Uma criança de 6 a 8 anos, ela não tem recursos para fazer opções. Ela precisa de alguém que a dirija no caminho da vida e isso é uma tarefa dos pais, e das mães em particular. Porque sem os pais e sem as mães, os professores, por eméritos que eles sejam, não podem realizar a transformação espiritual do espírito que a criança representa em si.
E se a criança já nasce numa condição de necessidade, como um pássaro recém-nato que aprende pouco a pouco a voar, é uma descaridade deixarmos nossos filhos em plena ignorância da responsabilidade de viver, da beleza do amor e da felicidade de sermos unidos para o bem. A criança é um adulto que está numa fantasia transitória. Até mais ou menos aos 14, 15 anos, uma criança não tem discernimento para fazer opções quando ao caminho que lhes cabe seguir.
Daí a tragédia dos toxicômanos que começam cedo, seduzidos por criaturas inescrupulosas que se fazem traficantes desses venenos. A falta de pais vigilantes criou os delinqüentes infantis.
Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes,São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.
Ney Gonçalves Dias - Nós entramos na casa das pessoas, no ouvido das pessoas, nos olhos das pessoas. A imprensa, o rádio, a televisão modificam opiniões das pessoas, estabelecem campanhas, modificam comportamentos. Como é que é visto este trabalho importante da imprensa, do rádio, da televisão pelo Mundo Espiritual?
Chico Xavier:
- Na Inglaterra há uma lei que consideramos de muita importância. A própria imprensa, através da cúpula formada pelos homens de responsabilidade que a representam, decidiu formar uma associação de censura, de tudo que tivesse de ser lançado ao público pelos mais novos, pelos jornalistas, pelos radialistas, por todos aqueles que estivessem começando a tarefa de se comunicar com o público. No Brasil, a minha opinião pessoal, sem qualquer crítica, mas absolutamente sem qualquer crítica, eu creio que os excessos na televisão, nos jornais e nas revistas são de molde a falsear os sentimentos e pensamentos de muita gente. (Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.)
É verdade que a homeopatia age no perispírito (corpo espiritual)?
Chico Xavier:
- O medicamento homeopático atua energeticamente e não quimicamente, ou seja, sua ação terapêutica vai se dar no plano dinâmico ou energético do corpo humano, que se localiza do perispírito.
A medicação estimula energeticamente o perispírito, que por ressonância vibratória equilibra as disfunções existentes, isto é, o remédio exerce duas funções enquanto atua. Por isso a homeopatia além de tratar doenças físicas, atua também no tratamento dos desequilíbrios emocionais e mentais, promovendo, então, o reequilíbrio físico-espiritual.
A explicação dada por Francisco Cândido Xavier, na verdade, confirma mensagem trazida pelo próprio Samuel Hahnemann (1755-1843), criador da homeopatia, através da médium Costel, que nenhum estudo possuía sobre a nova ciência. O texto foi psicografado na Sociedade Espírita de Paris, em 13 de março de 1863, e está inserido na "Revista Espírita", de Allan Kardec, de agosto do mesmo ano. Acompanhemos o trecho inicial:
"Minha filha, venho dar um ensinamento médico aos espíritas. Aqui a Astronomia e a Filosofia têm eloqüentes intérpretes; a moral conta tanto escritores quanto médicos. Por que a medicina, em seu lado prático e fisiológico, seria negligenciada?
Fui o criador da renovação médica, que hoje penetra nas fileiras dos sectários da medicina antiga; ligados contra a homeopatia, em vão lhe criaram diques sem número, em vão lhe gritaram: 'Não irás mais longe!'...
A jovem medicina, triunfante, transpôs todos os obstáculos. O Espiritismo lhe será poderoso auxiliar; graças a ele, ela abandonará a tradição materialista, que por tanto tempo lhe retardou o desenvolvimento. O estudo médico está inteiramente ligado à pesquisa das causas e efeitos espiritualistas; ela disseca os corpos e deve, também, analisar a alma. (Extraído do Boletim Semanal editado pelo Lar Fabiano de Cristo - SEI - Serviço Espírita de Informações, de Sábado, 26/7/2003, n. 1843)
Apesar das críticas...
Chico Xavier:
- Apesar das críticas que recebi a vida inteira, o que me animou a continuar foi saber que Jesus me aceita como sou... Se eu fosse escutar os espíritas, eu não teria feito nada. Sim, porquanto as críticas mais contundentes que me foram e ainda me são endereçadas, sempre partiram dos companheiros - principalmente daqueles com os quais eu nunca pude estar. (Do livro Orações de Chico Xavier, escrito por Carlos A. Baccelli Juarez Soares)
Um outro assunto que causa muita polêmica, muita discussão, é o problema da liberação do sexo. Eu gostaria que o senhor nos dissesse o que pensa a respeito desse assunto.
Chico Xavier:
- A liberação do sexo é um problema muito difícil de se apoiar, porque o homem tem deveres para sua companheira e a companheira dele tem também os seus compromissos para com ele. A liberação do sexo é mais um motivo para que a irresponsabilidade alastre no mundo e crie a infelicidade de muitos lares, aumentando quase que pavorosamente o número dos desquites nos tribunais.( Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987 Moacyr Franco )
A ciência cada vez mais se dedica à inseminação artificial. Eu queria saber do senhor qual é ponto de vista da espiritualidade sobre os filhos de laboratório?
Chico Xavier:
- Em diversos países, notadamente da Europa, a inseminação artificial se tornou algo de comum, mas cremos que é um assunto que se deve atribuir àqueles que se encontram descompromissados e sem nenhum vínculo para com deveres que eles não tenham.
Sabemos de senhoras de determinado país da Europa, que tendo altos vencimentos, porque são donas de uma inteligência invulgar, essas senhoras, que não se casaram, podendo pagar várias empregadas para tomar conta de um filho, acharam de bom alvitre escolherem o material que lhes pareceu mais adequado à vida delas. De modo que ficamos na expectativa sobre o assunto, num país como o nosso, em que estamos interessados em limitar os números crescentes do fator demográfico. (Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.
Vannucci - Meu querido Chico, a primeira pergunta é:
Uma palavra de esperança para o nosso país que atravessa uma crise tão difícil, problemas sociais, violências.
Chico Xavier:
- Certa vez Léon Denis foi questionado com respeito ao futuro do Espiritismo, e ele então disse: "A Doutrina será aquilo que os homens fizerem dela."
E nós poderemos parafrasear Léon Denis dizendo que o Brasil será a grandeza ou a decadência que os homens, principalmente os dirigentes da Nação, dela fizerem. (Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes; São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.
Benedito di Paula - Meu querido amigo Chico Xavier, há mais de 60 anos você se dedica a um trabalho mediúnico maravilhoso! Qual o significado disso tudo e o que isso representa para você?
Chico Xavier:
- Um amigo espiritual em se comunicando aqui, há poucos dias, numa página que eu considero muito interessante, contou que um amigo espiritual perguntou a um Mentor das esferas mais altas, o que significavam 60 anos de trabalho espiritual ininterrupto. E o Mentor respondeu que, para Jesus, significaria 6 minutos. (Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987
Ronnie Von - Eu quero de você, Chico, uma resposta a um angustiante dilema que nos cerca hoje - o terrível flagelo da AIDS. Como a espiritualidade vê esse mal?
Chico Xavier:
- Na condição de uma moléstia semelhante à varíola, quando a varíola despovoava cidades e efetuava milhares de desencarnações, até que a vacina pudesse debelar o mal que ela causava.
Também na AIDS temos muitas interpretações, inclusive a de que essa moléstia terá aparecido para punir as criaturas humanas. Mas não pensamos assim, porque a misericórdia de Deus paira no mesmo nível da justiça.
Estamos com um problema muito sério e, naturalmente, exige atenção dos cientistas que se dedicam à pesquisa e à realização de melhores dias para a humanidade. ( Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes)
- Luciano do Vale -O aborto, Chico, é uma questão que merece o seu esclarecimento. Eu gostaria muito, mas muito de ouvir.
Chico Xavier:
- Um crime que é cometido, entre as quatro paredes de uma casa, com absoluta impunidade e com absoluta impossibilidade da vítima para se defender. O aborto é uma falta grave
Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.Helena de Grammont - outubro de 1991
Há três anos Chico Xavier não recebia repórter para uma entrevista. Neste fim de semana, ele quebrou o silêncio e com a voz muito fraca deu uma lição de vida.
Chico Xavier:
- Eu posso estar com o corpo doente, porque estou em tratamento de uma labirintite muito difícil. Mas, intimamente, eu me sinto como se tivesse 20 anos. É uma doença que eu falo assim: Você pode trazer quedas e machucar, mas você machuca só o corpo. Por dentro, eu sou feliz, pareço até melhor.
Nós nos sentimos cada vez melhor no Brasil. Muita gente acha que o Brasil está em calamidade. Eu não creio, porque nossas mesas são ricas. Nós podemos repartir o pão, não é verdade?
Palavras como estas: "Amai-vos uns aos outros", "perdoar 70 vezes 7 vezes". Olha que palavras! Ressoam ainda hoje. Meu Deus, a vida é tão bela! Uma folha de qualquer planta, vista com os olhos da fé, é uma página tão bela quanto a de Shakespeare.
Amar sem esperar ser amado e sem aguardar recompensa alguma. Amar sempre! (Extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre Márcia Elizabeth - julho de 1974)
Do ponto de vista espiritual como definir o lar e a família?
Chico Xavier:
Outra afirmativa de nosso Emmanuel é de que o lar é uma benção de Deus para os homens e de que a família é uma criação dos homens onde eles podem servir a Deus, desde que aceitem com amor o sacrifício e a renúncia, o trabalho e o serviço por alicerces de nossa felicidade em comum.
(Extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita,
escrito por Marlene R. S. Nobre Márcia Elizabeth - julho de 1974 )
Qual o mecanismo ideal para atingir a paz e a segurança entre os familiares vinculados à mesma casa e ao mesmo nome?
Chico Xavier:
- Cremos que este problema será perfeitamente solucionado quando esquecermos a afeição possessiva, a idéia de que somos pertences uns dos outros, quando nos respeitarmos profundamente, cada qual procurando trabalhar e servir, mostrando sua própria habilitação, o rendimento de serviço dentro da vocação com a qual nasceu, dentro do lar, respeitando-se uns aos outros.
Desse modo, com o respeito recíproco e o amor que liberta, o amor que não escraviza, o problema da paz em família estará perfeitamente assegurado na solução devida. (extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre Márcia Elizabeth - julho de 1974)
Por que motivo os casais que noivavam apaixonadamente experimentam a diminuição do interesse afetivo nas relações recíprocas, após o nascimento dos filhos?
Chico Xavier:
- Grande número dos enlaces na Terra obedecem a determinação de resgate escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico e aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes transformam, ou melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento para que os cônjuges se aproximem segundo os preceitos das leis divinas e formem o lar, transformando determinadas dificuldades em motivos de maior amor, de compreensão maior.
O namoro, o noivado, muitas vezes, estão presididos pelos espíritos familiares que serão os filhos do casal. Quando esses mesmos espíritos se transformam em nossos filhos parece que há diminuição de amor, mas isso não acontece. Existe, sim, a poda da paixão, no capítulo das afeições possessivas que nós devemos evitar. (Extraído do livro "Lições de Sabedoria -Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre Márcia Elizabeth - julho de 1974 )
Chico Xavier, os espíritos amigos apresentam algum ponto de vista sobre o divórcio no Brasil?
Chico Xavier:
- Allan Kardec no capítulo 22 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" assevera que o divórcio é uma lei humana que veio consagrar determinada situação já existente entre os cônjuges.
Do ponto de vista humano naturalmente que seria crueldade fugirmos da possibilidade do divórcio em determinadas situações da vida e em determinados setores de nossos problemas, quando estamos certos de que as organizações bancárias do mundo nos concedem reformas e determinados prazos para resgate de certas dívidas.
Mas, devemos estar igualmente conscientes de nossa situação no Brasil e podemos perfeitamente reconhecer que ainda estamos imaturos para receber o divórcio da magnanimidade da nossa Justiça porque somos um pouco jovem. Precisamos habilitar a consciência coletiva para uma conquista de tamanha expressão na vida da criatura e na vida planetária.
(Extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre Márcia Elizabeth - julho de 1974 )
O casal tem o direito de programar o número de filhos em sua própria casa?
Chico Xavier:
- Diz Allan Kardec em "O Livro dos Espíritos" que o homem deve corrigir tudo aquilo que possa ser contrário à natureza. Hoje, dividem-se as opiniões, mas à frente da problemática da nossa civilização, à frente dos impositivos da educação e da assistência à família, nós, pessoalmente, acreditamos que o casal tem direito de pedir a Deus inspiração, de rogar a Jesus as sugestões necessárias para que não venha a cair em compromissos nos quais os cônjuges permaneçam frustrados.
Somos filho de família numerosa. Pessoalmente sou descendente de uma família de 15 irmãos, mas, de 20 anos para cá, a vida no planeta tem sofrido muitas alterações e devemos estudar o planejamento com muito respeito à vida e conseqüentemente a Deus, em nossos deveres uns pra com os outros, e não cairmos em qualquer calamidade por omissão ou deserção dos nossos deveres. (Extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. NobreFernando Worm - abril de 1977) -
O que lhe ocorre dizer às pessoas que pedem a Deus para morrer por não encontrarem significado para viver, por terem perdido as esperanças de auto-realização?
Chico Xavier:
- Cremos sinceramente que devemos pedir a Deus, conforme o ensinamento de nossos instrutores, não o afastamento de nossas provas, mas sim a força necessária para suportá-las proveitosamente. Não nos adianta solicitar a morte prematura, a pretexto de sermos fracos para carregar os benefícios do sofrimento, porque deixar o trabalho, antes de completá-lo, nada mais seria que agravar os nossos problemas próprios, porquanto, chegaremos sempre e inevitavelmente à convicção de que a morte não existe como sendo o fim de nossas preocupações e responsabilidade. (Extraído do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita,escrito por Marlene R. S. Nobre)
– Como você vê a Transcomunicação Instrumental?
Chico Xavier:
– A nós outros, os que estamos com atividade constante na Doutrina Espírita, o resultado da Transcomunicação na Europa e em outros países é o transcendente trazido à realidade de nossas vidas. E todas as pessoas cultas ou de qualquer expressão religiosa creio que pensarão como nós.
Transcrição Parcial da entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba, Minas, em 11 de maio de 1992 - Anuário Espírita - 1999- Tv Manchete
Nenhum comentário:
Postar um comentário