sábado, 12 de dezembro de 2009

FORTALEZA



Foi no tempo em que a Águia romana dominava o mundo. Nas praias do Adriático viviam miseravelmente alguns barqueiros. Eram homens rudes, assim transformados pela miséria em que viviam e o trabalho árduo que desempenhavam. Certo dia, um homem se aproximou deles e lhes pediu um barco. Desejava atravessar o mar. Solicitou que preparassem víveres, prometendo bem recompensá-los. Os barqueiros, conhecedores das manhas do mar, lhe disseram que impossível seria a travessia naquela tarde/noite, pois grande tempestade se aproximava. O desconhecido tinha pressa. Insistiu. Afinal, ordenou. O som da sua voz atemorizou os homens que, intimidados, embarcaram, iniciando a longa travessia. Caiu a noite. O vento começou a soprar e logo um grande temporal os envolveu. Em meio às altas e revoltas ondas, a embarcação não parecia nada além de uma casquinha de noz. Os barqueiros se mostravam atemorizados, insistindo nos remos, lutando contra as enormes vagas que ameaçavam a fragilidade do barco. O desconhecido permanecia impassível, rente ao leme, envolto em seu manto, como se nada estivesse acontecendo. Percebendo que o pavor se apoderava da tripulação, voltou-se para ela e falou com energia: Estão com medo? Nada temam. César está a bordo! Foi uma surpresa para todos. Conduziam Júlio César, o famoso conquistador. Sentiram-se revigorados. A esperança lhes renasceu e com músculos de ferro passaram a remar intensamente. Viviam longe das honrarias palacianas, mas sabiam que aquele imperador, em mais de uma ocasião, salvara centenas de soldados de situações perigosas. Encorajaram-se e agiram. Verdade é que o perigo era o mesmo. Exteriormente, nada mudara. Os ventos continuavam a sibilar, agressivos, as ondas lambiam-lhes os corpos rijos, a embarcação ainda estava em perigo. Mas saber que o poderoso romano estava com eles, que suas vidas estavam interligadas, fez-lhes renascer o alento. Mais tarde, o vento cedeu, o mar acalmou-se e à noite terrível, sucedeu o dia. * * * Assim deveria ser nossa confiança em Deus. Ainda que tudo parecesse perdido, irremediável, permanecer com a certeza de que Ele segue conosco. Não desanimar nunca. Não desertar da luta, recordando da admirável frase do Apóstolo Paulo de Tarso: Tudo posso naquele que me fortalece. * * * Mais de uma vez, a simples presença de um homem incentivou outros tantos a prosseguir na batalha. Durante a guerra civil americana, o Presidente Lincoln visitou os soldados, nos campos, com o objetivo de lhes levar novo ânimo, porque as tropas estavam com a moral muito baixa e já lutavam sem vigor. Se a presença de um homem, de um líder, de alguém amado tem a capacidade de operar tais prodígios, que não podemos aguardar da presença de Deus que se faz, em nós, todos os dias?

Redação do Momento Espírita com base no cap. César e o barqueiro, do livro Lendas do céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Melhoramentos. Em 27.11.2009.

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