quinta-feira, 5 de novembro de 2009


Todos somos médiuns
A palavra médium foi utilizada, pela primeira vez, por Allan Kardec para designar a pessoa que serve de intermediário na comunicação dos espíritos. Mas, de certa forma, todos nós somos médiuns, porque estamos sujeitos às influencias de espíritos e, de um modo ou de outro, ainda que sem percebermos, podemos pensar, falar e até mesmo agir sob essas influências. Podemos inclusive captar pensamentos ou apresentar sintomas que anunciam suas presenças. A intuição, por exemplo, é um tipo de mediunidade e se manifesta em qualquer pessoa.
Mediunato
No entanto, alguns poucos indivíduos possuem certas predisposições naturais que os colocam em contato mais duradouro com o mundo dos espíritos. Apresentam sintomas tão evidentes e permanentes de mediunidade que, segundo Allan Kardec, eles tem uma tarefa específica como médiuns que precisa ser explorada. A esta tarefa damos o nome de MEDIUNATO e a esses indivíduos chamamos de MÉDIUNS propriamente dito. A mediunidade manifesta-se por variadas formas, levando os médiuns a interpretar os espíritos através da fala (PSICOFONIA), da escrita (PSICOGRAFIA), da audição (AUDIÊNCIA), da visão (VIDÊNCIA), da pintura (PSICOPICTORIOGRAFIA), da intuição, da cura etc.
Mediunidade e Espiritismo
Ao contrário do que muitos pensam, a mediunidade não é propriedade do Espiritismo e, muito menos, foi por ele inventada. Trata-se de uma predisposição natural do ser humano, que existe desde que o homem surgiu na Terra e manifestou-se em todas as épocas, em todos os lugares e em todas as religiões, como ainda hoje acontece. Na Bíblia, como em outros livros religiosos, encontramos fatos mediúnicos. Os espíritos estão por toda parte e não somente no centro espírita. Onde quer que estejam podem manifestar-se de maneiras mais ou menos ostensiva e até de forma que ninguém perceba.
Foi o Espiritismo que deu à mediunidade um tratamento especial, que a estudou de fato, que descobriu-lhe os mecanismos, concluindo tratar-se de valioso recurso para o progresso da humanidade. A própria Doutrina Espírita foi trazida através de médiuns pelos espíritos e essa revelação nos conduziu a alguns pontos básicos e fundamentais para o conhecimento e a utilização da própria mediunidade.
Antes do Espiritismo, a mediunidade era objeto de simples curiosidade e passatempo ou, então, era vista como bruxaria ou arte do demônio. A ignorância e o preconceito contribuíram sempre para isso. Mas a Doutrina Espírita deu-lhe tratamento próprio entendendo que, somente assentada sobre base moral sólida, a mediunidade poderia se constituir em instrumento do bem-estar e do progresso moral da sociedade.
Hoje, podemos ver muitas formas de utilização da mediunidade que não estão de acordo com o princípio morais do Espiritismo. Dizemos, então, que se trata de mediunismo e não de Espiritismo.
Mediunidade e Educação
Apesar de a Doutrina Espírita recomendar certos cuidados na prática mediúnica, nem todos os grupos espíritas os observam. Muitos entendem, erroneamente que, para o individuo ser bom médium basta exercitar sua faculdade de forma a facilitar a comunicação dos espíritos. A pessoa chega ao centro, reclama de seus sintomas estranhos e logo é classificado como médium. Em seguida, é convidado a participar das sessões, sem qualquer conhecimento, sem nenhum preparo para o exercício da tarefa. Ela nem mesmo fica sabendo a que perigo está exposta e o mal que pode causar.
O Espiritismo não aprova tal procedimento. Para que a pessoa possa colocar sua mediunidade a serviço do bem, ou seja, para exercer bem o seu mediunato, é preciso, primeiramente, que seja iniciada nos conhecimentos básicos do Espiritismo, que se inteire de seus princípios morais e que, acima de tudo, se proponha a trabalhar por uma causa elevada, humanitária, começando pela prática do bem. Emmanuel, espírito orientador de Chico Xavier, afirma que evangelizar-se é a primeira necessidade do médium. Somente assim ele se coloca ao alcance dos bons espíritos e pode livrar-se do domínio dos mal intencionados. Portanto a educação espírita do médium é indispensável.
Desenvolver a mediunidade não é simplesmente empregar técnicas que facilitem as comunicações. É bem mais que isso. Porque ninguém educa a mediunidade se não educar-se a si mesmo, se não melhorar o seu comportamento, tanto dentro como fora do centro espírita, e principalmente fora. Se o médium quiser o atendimento dos bons espíritos, terá que fazer por merecê-lo, através de uma conduta que possa, de fato, atraí-los. Do contrário, não o terá.
Essa educação, baseada na visão espírita dos ensinamentos de Jesus, pode ser auxiliada por um grupo de pessoas idôneas que conheçam o Espiritismo, e onde o médium aprenda a conhecer e a dominar a sua mediunidade, testando seus recursos e procurando conhecê-los cada vez mais, pelas observações e críticas de seus companheiros interessados em ajudá-lo. Um médium que não aceita críticas, que se melindra quando alguém faz qualquer observação à sua mediunidade, não está pronto para o mediunato, e terá muito que aprender ainda, antes de pensar em trabalhar nesse campo.

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